Ser um dos dez maiores do mundo. Tarefa que não é para qualquer um, mas para os grandes. E é isso que o Time Brasil — como o Comitê Olímpico Brasileiro, o COB, chama a delegação nacional nas Olimpíadas e Jogos Pan-Americanos — deseja alcançar em casa, em 2016. O objetivo é o top 10 no quadro de medalhas.
Mas vale ressaltar: o COB está considerando o total de medalhas, e não o número de ouros, critério usado pelo COI e a maioria dos países. Enquanto para a entidade o Brasil foi 15º em Londres, com 17 medalhas (3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes), pelo COI foi 22º, com três.
Em 2016, a delegação brasileira deverá reunir 400 atletas. O ano de 2013 foi o melhor do país em campeonatos de esportes olímpicos, com 27 medalhas conquistadas em Mundiais. Nas Olimpíadas, se será um orgulho subir ao pódio, as medalhas vão ser joias que custarão caro.
— No COB, usamos como critério o total de medalhas. Tem sido assim desde quando o presidente Carlos Arthur Nuzman assumiu, em 1996. Para sermos top 10 em 2016, desejamos ganhar cerca de 30 medalhas — calcula o superintendente executivo de Esportes, Marcus Vinícius Freire. — Os três primeiros colocados em Londres, Estados Unidos (104), China (88) e Rússia (82) investem, cada um, US$ 1 bilhão no quadriênio anterior ao evento.
Segundo Freire, Reino Unido, Austrália, França e Alemanha, do quarto ao oitavo lugares, respectivamente, em 2012, gastam mais de US$ 700 milhões antes dos Jogos:
— Nós pretendemos gastar mais de US$ 600 milhões neste ciclo olímpico, entre 2012 a 2016.
Esportes em categorias
Disposto a não fazer feio em casa, o COB separa os esportes olímpicos em categorias.
— Vitais são aqueles de cujos resultados o Brasil não abre mão: vôlei, vôlei de praia, judô, iatismo, futebol. Potenciais são aqueles em que houve evolução constante, como boxe, ginástica (medalhistas em Londres-2012), e que requerem investimento maior. Os contribuintes são os que cresceram, como o pentatlo moderno (bronze em Londres, com Yane Marques), nos quais é preciso investir para aumentar a as expectativas — diz a ex-atleta Adriana Behar, prata olímpica ao lado de Shelda no vôlei de praia em Sydney-2000 e Atenas-2004 e hexacampeã do Circuito Mundial, e hoje gerente de Planejamento Esportivo do COB. — Os de legado não têm resultados neste ciclo, mas ficarão para o futuro, em Tóquio-2020 ou nos Jogos de 2024. Os investimentos são feitos nos vários esportes dentro de metas, de expectativas e do cenário mundial. Todos têm de cumprir metas, sejam medalhas ou não.
O Comitê determina que cada confederação tenha seu livro-guia, relacionando destaques, metas, projetos e custos, visando até 2024. Uma das rotinas é acompanhar semanalmente 196 atletas individuais de potencial para 2016. De acordo com Jorge Bichara, gerente de Performance, uma de suas tarefas é dar suporte às diferentes modalidades, incluindo a importação de equipamento e contratação de técnicos estrangeiros. O fato de os atletas brasileiros estarem em casa é alvo de atenções:
— Está sendo feita uma preparação mental. A psicologia não é a salvação, mas faz parte para que se tenha bons resultados. Os Jogos no Rio trazem uma ansiedade maior, e a Copa serviu de exemplo. É preciso explorar o positivo e neutralizar o negativo.
Já para o Pan-2015, em Toronto, o objetivo é ficar entre os três melhores no total de medalhas, embora em algumas modalidades já classificadas para 2016 o Brasil vá mandar a equipe B. Gerente para 2020 e 2024, o ex-judoca Sebastian Pereira lança sementes para futuros ciclos, por meio de Jogos Escolares Brasileiros:
— Trabalhamos com dois milhões de atletas de 14 modalidades em 40 mil escolas dos 27 estados em 3,9 mil cidades. Pode parecer um número pequeno, diante da população total, mas é o início de um trabalho. É certo que 72% dos 98 atletas que irão aos Jogos de Nanquim passaram pelos Jogos Escolares — calcula.