Tersandro Vilela (*)
Na segunda-feira (2), o Brasil alcançou um marco histórico na conectividade digital: os 5.570 municípios do País estão aptos a receber o 5G standalone, conhecido como “5G puro”. A tecnologia foi liberada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com 14 meses de antecedência em relação ao cronograma original, refletindo um esforço conjunto para acelerar a transformação digital no País.
O 5G standalone utiliza uma infraestrutura independente das redes 4G, permitindo velocidades até cinco vezes maiores, menor latência e capacidade de conectar mais dispositivos simultaneamente. A inovação é essencial para aplicações que exigem alta precisão, como telemedicina, veículos autônomos e monitoramento industrial. Com velocidades médias de 300 Mbps, o 5G puro promete melhorar significativamente a conectividade, mesmo em locais com alta densidade populacional.
A liberação da faixa de 3,5 GHz, usada para essa tecnologia, foi possível graças a iniciativas coordenadas pela Entidade Administradora da Faixa (EAF) e pelas operadoras Claro, TIM e Vivo, vencedoras do leilão realizado em 2021. Essas ações incluíram a desocupação de 1.482 estações satelitais da Banda C e a migração de sinais de TVRO para a Banda Ku. Além disso, kits gratuitos de parabólicas digitais foram distribuídos a famílias beneficiárias de programas sociais, garantindo inclusão digital.
Apesar da liberação nacional, a implementação do 5G nas localidades dependerá do cronograma das operadoras. A Anatel estipulou que até 2029 o serviço deve estar disponível em todos os municípios com mais de 30 mil habitantes. Atualmente, 770 cidades já contam com a tecnologia ativa, atendendo cerca de 35 milhões de usuários (apenas 13% dos smartphones em uso no País). A compatibilidade dos dispositivos, portanto, é uma barreira importante a ser superada, e os consumidores devem verificar as especificações técnicas de seus aparelhos antes de adquirir novos modelos.
O impacto do 5G puro vai além da conectividade. Setores como saúde, educação, indústria e agricultura serão muito beneficiados. Na educação, a tecnologia possibilitará experiências de aprendizado interativo e acesso remoto a conteúdo de alta qualidade. No agronegócio, sensores conectados poderão otimizar o uso de recursos, enquanto na saúde, procedimentos como cirurgias remotas se tornarão viáveis.
Contudo, a expansão do 5G enfrenta desafios. A infraestrutura em áreas rurais e remotas precisa ser ampliada para que todos os brasileiros possam usufruir dos benefícios dessa revolução digital. Além disso, questões como regulamentação e segurança de dados demandam atenção para garantir uma implementação inclusiva e sustentável.
A chegada do 5G standalone posiciona o Brasil entre os países líderes na América Latina em conectividade móvel. Mais do que uma evolução tecnológica, a tecnologia simboliza uma mudança estrutural com impactos profundos na economia e na sociedade. O desafio agora é transformar esse avanço em uma oportunidade acessível a todos, promovendo inclusão digital e progresso social.
Saiba +
Para verificar se o seu smartphone é compatível com a rede móvel 5G, acesse o site da Anatel e informe o modelo e o fabricante do seu aparelho.