A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) divulgou, na segunda (27), um levantamento que contabilizou 122 assassinatos de pessoas trans e travestis no Brasil em 2024. Cinco delas eram defensoras de direitos humanos. Apesar de o dossiê indicar queda de 16% em relação a 2023, a entidade alerta que “o Brasil vive uma era de intensas disputas sobre direitos humanos”, em que esse grupo se encontra no “centro de um projeto político, jurídico, social e econômico que visa erradicar sua existência da vida pública”.
O perfil das vítimas é majoritariamente de “jovens trans negras, empobrecidas, nordestinas e assassinadas em espaços públicos, com requintes de crueldade”, ressalta o documento. Em outra medida, a Antra aponta que a subnotificação, a falta de monitoramento de casos de violência LGBTfóbica e a agenda política conservadora mascaram uma realidade que pode ser ainda mais adversa.
“O Estado tem falhado em promover melhorias na vida das pessoas trans, evidenciando que a transfobia continua a violar os direitos fundamentais à vida e à liberdade. Essa violência é fomentada por projetos políticos nos quais a extrema-direita protagoniza ataques contra pessoas trans”, cita a associação.
Para a presidente da Antra, Bruna Benevides, a reversão do cenário no país passa pela eleição de parlamentares trans para cargos eletivos, mais presença de ativistas e pesquisadores em espaços acadêmicos e políticos e a visibilidade de lideranças trans.
“Não seremos apagadas. A resistência é nossa arma mais poderosa, e cada conquista é um passo rumo a um futuro onde viver com dignidade não seja um privilégio, mas um direito de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero”, afirmou.