Neste domingo (9), em Santiago, no Chile, durante a disputa da final feminina nos Jogos Sul-Americanos, o time comandado pelo neozeolandês Chris Neill confirmou a supremacia na América do Sul com uma vitória indiscutível sobre a Argentina. Por 40 x 0, as meninas do Brasil somaram o sétimo triunfo na competição e, assim, encerraram a participação de forma invicta.
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O ouro, aliás, é mais um na grande coleção que esse time acumula no continente. Foram nove vitórias seguidas em Campeonatos Sul-Americanos (com disputas apenas de rúgbi) e, agora, um título em Jogos Sul-Americanos.
Acostumadas a brilhar na América do Sul, as meninas da Seleção Brasileira não esconderam que esse ouro teve um gostinho mais especial do que os outros. E não podia ser diferente. Primeiro, a experiência dos Jogos Sul-Americanos foi inédita e, em Santiago, as fez entender o que as espera no Rio, em 2016, já que o Brasil tem vaga garantida nos Jogos Olímpicos do Brasil tanto com o time masculino quanto com o feminino. Mais do que isso, com a medalha dourada no Chile as meninas carimbaram o passaporte para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015.
Aos 29 anos, a paulista Paula Ishibashi atuou em todas as 10 conquistas do Brasil. Há 14 anos no rúgbi, ela não esconde que o que viveu nos Jogos Sul-Americanos foi muito especial. \”Já deu para sentir o gostinho do que vai ser no Rio, em 2016\”, diz, sorrindo. \”Esse contato no hotel com o pessoal da ginástica, do vôlei de praia, da natação, entre outros, foi demais. Fez a gente se encher ainda mais de energia. Só dá para imaginar como vai ser nos Jogos Olímpicos, com a Vila Olímpica e os atletas de todo o mundo…\”
Destaque na final contra a Argentina e autora dos quatro primeiros trys do Brasil (pontuação máxima no rúgbi, o equivalente ao touchdown no futebol americano) na partida, a catarinense Júlia Albino Sarda, 31 anos, desde 2004 na Seleção Brasileira, foi mais longe. \”Aqui a gente se sentiu parte de um esporte olímpico pela primeira vez\”, declarou, referindo-se ao fato de que, no Rio 2016 a modalidade retornará à programação dos Jogos depois de ter se mantido afastada da competição desde a edição de 1924, em Paris.
\”A gente viu o quanto o Comitê Olímpico Brasileiro trabalha e agora vem o Pan de Toronto e, depois, o passo principal, que é são os Jogos do Rio 2016.\”
Profissionalismo
Para o técnico Chris Neill, o potencial da Seleção Brasileira feminina, nona colocada no ranking mundial, é muito grande. E com o crescimento dos investimentos, as chances são boas de que o Brasil possa surpreender no Rio, em 2016.
Hoje, por conta força de um convênio firmado entre o Ministério do Esporte e Confederação Brasileira de Rugby, 14 jogadoras vivem em São Paulo em um regime voltado exclusivamente para a Seleção Brasileira. \”Agora temos um trabalho centralizado, com treinos diários e dedicação exclusiva\”, explicou Paula Ishibashi. \”Com isso, conseguimos um ganho muito forte na performance. Ficou um esquema profissional e tem que ser assim, porque os Jogos Olímpicos estão cada vez mais perto. É tudo o que a gente sempre sonhou\”, comemora.
Com isso, o sentimento entre as meninas da Seleção Brasileira feminina não poderia ser melhor. Com a missão cumprida em Santiago, a vaga para os Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015 garantida e a certeza de que defenderão o Brasil no Rio, em 2016, elas sonham, agora, em tornar o rúgbi um esporte mais conhecido no País. \”Acredito que vamos mostrar para o Brasil o que é o rúgbi em 2016 e ao mesmo tempo mostrar para o mundo que o Brasil tem rúgbi de qualidade\”, aposta Júlia Sarda.