Depois de enfrentar, no início de 2024, uma das maiores crises sanitárias relacionadas à dengue desde o início do monitoramento das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, em 2000, o Brasil e o Distrito Federal se preparam para evitar a repetição do problema neste final de 2024 e começo de 2025.
A palavra de ordem entre as autoridades sanitárias é prevenção. E ela começa pelo combate ao mosquito Aedes aegypti. Como a maior parte dos focos do inseto é dentro das residências, o primeiro passo é eliminá-los, orientando as pessoas a não deixar água parada em quintais ou qualquer outro ponto da casa.
Além das medidas tradicionais de combate ao mosquito, a vacinação em massa é considerada uma ferramenta crucial para controlar a disseminação da dengue no País. Embora a aplicação da vacina ainda seja limitada, especialistas defendem a necessidade de acelerar sua aprovação e distribuição, especialmente o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan.
A inclusão dessa vacina no calendário do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é vista como fundamental para ampliar a proteção da população e ajudar a conter a epidemia. Assim, tanto no Ministério da Saúde como na Secretaria de Saúde do DF, a prevenção — desde o controle do ambiente à vacinação — continua sendo a principal estratégia para reduzir o número de casos e de mortes.
A hora é agora
Dados do 3º Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) apontam que quase 75% dos focos estão localizados em objetos como vasos de plantas, caixas d’água, garrafas e calhas. Essa realidade reforça a importância de a população adotar medidas de prevenção para eliminar os criadouros do mosquito.
“A vigilância tem que ser constante”, orienta Rivaldo Venâncio, secretário-adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde. Segundo ele, o clima quente e chuvoso, que favorece a proliferação do mosquito, torna a luta contra a dengue ainda mais difícil. “Por isso, o combate à doença deve ser uma prioridade para todos, exigindo tanto a colaboração da sociedade quanto o reforço das ações governamentais”.
A campanha de conscientização da Secretaria de Saúde, cujo lema é “A hora de prevenir é agora”, reflete a urgência dessa mobilização. A meta é evitar que reduzir drasticamente os números do início do ano, quando o DF registrou 440 mortes — um aumento de 19 vezes em relação ao ano anterior.
Alerta permanente
Desde o início de 2024, O DF contabiliza quase 275 mil casos prováveis da doença, ficando na quarta posição no ranking de estados com mais casos graves, atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Por isso, governo local segue em alerta permanente.
Em todo o Brasil, o número de casos ultrapassou os 6,5 milhões de infecções registradas até outubro — um aumento de cerca de 2 milhões em relação a 2023, com 5.219 mortes confirmadas e outras 2.012 ainda sob investigação.
O coeficiente de incidência da doença atingiu 3.201 casos para cada 100 mil habitantes. Surpreendentemente, as crianças, especialmente as com menos de 1 ano, têm apresentado uma incidência menor de casos graves, enquanto adultos de diferentes faixas etárias — especialmente de 20 a 59 anos — têm sido mais afetados.
Saiba +
Embora a epidemia seja generalizada por todo o País, a distribuição da doença é desigual entre os estados. São Paulo lidera o ranking de casos graves e sinais de alerta, com 24.786 ocorrências, seguido por Minas Gerais (15.084), Paraná (13.524), Distrito Federal (10.211) e Goiás (7.201). Roraima, Acre e Rondônia apresentam números bem mais baixos, com menos de 50 casos graves registrados.