A tragédia climática que afeta o Rio Grande do Sul desde o início de maio mobiliza o Brasil. A onda de solidariedade envolve os governos federal, estaduais e municipais e alcança voluntários, o setor produtivo e entidades da sociedade civil, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Um dos primeiros estados a enviar equipes e instrumentos para salvamento e resgate das vítimas, Goiás é onde está o centro de operações que recebe ajuda dos bombeiros de todo o País, 24 horas por dia. O coronel Washington Luiz Vaz Junior, comandante-geral do Corpo de Bombeiros do estado, coordena as atividades de monitoramento, por ser o presidente do Conselho Nacional dos Bombeiros Militares.
O governo de Mato Grosso fez uma doação de R$ 50 milhões, com recursos de um fundo pago por produtores rurais. O estado de São Paulo disponibilizou três helicópteros da Polícia Militar, equipados com guincho elétrico, maca de montanha e mantas térmicas para atendimento a vítimas com hipotermia. Uma equipe da Defesa Civil de SP e um geólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas também auxiliam nos trabalhos.
O Rio de Janeiro enviou uma força-tarefa para o Rio Grande do Sul com equipes especializadas em operações de busca e resgate do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil e da PM, aeronaves, motos aquáticas, viaturas e embarcações. O estado promove, ainda, a campanha “Rio Solidário” para arrecadação de água potável, alimentos, itens de higiene, roupas e outros suprimentos.
DF – O Distrito Federal encaminhou uma equipe de 14 bombeiros para apoiar missões de prevenção, busca, salvamento e resgate de vítimas. Também enviou cães farejadores, viaturas, embarcações e aparatos para operação de buscas terrestres e aquáticas.
Estado governado pelo PSDB, assim como o Rio Grande do Sul, Pernambuco deslocou 25 profissionais (21 bombeiros e quatro agentes da Defesa Civil) e dois cães treinados para buscas. Ajuda semelhante à oferecida pelo Paraná, que atua com 32 bombeiros, um helicóptero e quatro barcos.
Mobilização federal
O governo federal mobilizou todos os ministérios. Uma das ações liberou R$ 580 milhões em emendas parlamentares individuais, dos quais R$ 538 milhões são para a área de saúde. O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estão distribuindo 52 mil cestas básicas aos que mais precisam.
Nas Comunicações, os recursos de quase R$ 2 bilhões do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações vão ser disponibilizados para reconstrução das redes de telefonia, rádio e internet nos locais prejudicados pelas chuvas. Mais de duas mil toneladas de doações foram encaminhadas ao Rio Grande do Sul pela Defesa Civil Nacional.
Na área econômica, cerca de R$ 1 bilhão das restituições do Imposto de Renda do estado serão antecipadas até junho. O Ministério da Fazenda também constituiu força-tarefa para acelerar a análise de crédito, com aval da União, para 14 municípios, com a liberação de R$ 1,8 bilhão para operações de crédito internas e externas.
O Ministério do Trabalho liberou o FGTS, duas parcelas do seguro desemprego e abono salarial dos trabalhadores e suspendeu o recolhimento de quatro parcelas do FGTS para aliviar os empresários.
As medidas adotadas em todas as esferas demonstram o poder da mobilização dos brasileiros. E representam uma mensagem clara de que os gaúchos não estão sozinhos e precisam ser “fortes, aguerridos e bravos”, como diz o hino do estado, para reconstruir o Rio Grande do Sul.
Orçamento de guerra
Na segunda vez em que visitou o Rio Grande do Sul para avaliar a tragédia, Lula foi acompanhado dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. Como já tinha ido ao estado antes, o presidente sabia que precisaria aprovar um Projeto Legislativo para liberar orçamento para atender o povo gaúcho. “Não vamos ter impedimentos burocráticos para reconstruir o Rio Grande do Sul. Vamos precisar de um orçamento de guerra”, afirmou.