Com um elenco atual de pernas-de-pau, tudo indica que o meu Botafogo seja rebaixado para a Segunda Divisão. Mas haja o que houver, continuarei alvinegro de corpo e alma, em louvor a um time que já teve um genial jogador de pernas tortas que ostentava nome do passarinho Garrincha; de um artilheiro que soltava foguetes com os pés chamado Perácio; de um catedrático de futebol do nível professoral de Nilton Santos; ou de um craque galã que conquistava as mulheres bonitas com suas jogadas de bailarino, tal qual Heleno de Freitas, que tinha o apelido de Gilda,mas não era boiola, até muito ao contrário.
E quem não lembra da sensacional performance do artilheiro goiano Túlio Maravilha, que ajudou o Botafogo a conquistar o Campeonato Brasileiro de 1995. Se isso é viver de um passado glorioso e ser chamado de louco, sou louco, sim, tal qual está gravado no grito de guerra \”Fúria Jovem\”, no boné que meu neto carioca Daniel me mandou de presente e que resume a garra e o deslumbramento pela Estrela Solitária, conforme os versos do Hino Oficial do alvinegro:
\”Botafogo, Botafogo / Campeão desde 1910 / És herói em cada jogo / Botafogo / Por isso que tu és / E hás de ser / Nosso imenso prazer / Tradições, / Tens também /, Tu és o glorioso / E não podes perder / Perder pra ninguém!\”
No meu histórico ingresso no Botafogo como Sócio Atleta, jogando na meia-direita na categoria juvenil, devo dizer que a Estrela Solitária me conduziu para morar numa vila na rua da Passagem, coração do bairro Botafogo, onde os moradores eram botafoguenses de carteirinha, cujo local ficava pertinho da sede alvinegra na rua General Severiano, que era o estádio mais bonito do Rio de Janeiro, à época, quando o Maracanã não passava de um sonho no espaço vazio.
Foi lá que vi o Garricha aplicar o célebre drible no Nilton Santos, quando apareceu pela primeira vez no estádio, depois de ser rejeitado no Fluminense por ter pernas tortas. Como eu, modéstia à parte, era bom de bola e seria promovido a titular na ala direita, possibilitando que eu jogasse ao lado de Garrincha na década de 1950. Mas o destino não permitiu por eu ter ido estudar numa faculdade presbiteriana de Teologia, em São Paulo. Aliás, frustração que carrego até hoje, botafoguense que sou e serei, até morrer!