O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) se encontrará nesta terça-feira (20), às 16h, com a procuradora-geral da República Raquel Dodge. Embora seja mais uma cortesia de Bolsonaro, que já esteve no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, a reunião na PGR, solicitada pelo governo de transição, é cercada de uma expectativa maior. Em abril deste ano, a procuradora-geral denunciou o então deputado Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) por racismo e manifestação discriminatória contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs. A 1ª turma do STF rejeitou a denúncia. Coincidentemente, o presidente eleito escolheu o Dia da Consciência Negra para encontrar-se com Raquel Dodge.
Transição – A permanência de Raquel Dodge à frente da PGR no governo Bolsonaro é tida como improvável pelos procuradores da República. Durante a campanha eleitoral, Jair Bolsonaro afirmou que a maior parte do MPF é isenta, mas não se comprometeu a escolher o titular da Procuradoria-Geral da República pelos nomes mais votados caso eles tenham ligação com a esquerda. “O critério é a isenção. É alguém que esteja livre do viés ideológico de esquerda, que não tenha feito carreira em cima disso. Que não tenha sido ativista no passado por certas questões nacionais”, disse o futuro presidente em 16 de outubro.
Lista tríplice – Seguindo a linha da indicação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça, há a expectativa de que integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato seja alçado a procurador-geral da República. Internamente, o governo Bolsonaro cogita nomear um procurador alheio à lista tríplice escolhida pelos procuradores. Desde 2003, todos os chefes de Estado têm acompanhado a lista.
O nome do novo PGR certamente passará pelo crivo de Sérgio Moro. O ministro defende um nome ligado ao combate à corrupção e ao crime organizado, mas sabe que a relação do governo com o MPF pode ficar abalada caso o o sucessor de Dodge não venha da lista tríplice e não esteja no topo da carreira.
Além de nomeado pelo presidente, o procurador-geral da República precisa ser aprovado pelo Senado Federal. Neste cenário, a sabatina no Congresso Nacional pode trazer resistência a um nome com as características apontadas por Sérgio Moro.