A edição do Diário Oficial da União de quinta-feira (14) trouxe um veto integral a um projeto que homenageava o ex-presidente João Goulart (Jango), derrubado por um golpe em 1964. Admirador declarado da ditadura militar que se instalou no País por 20 anos a partir daquele movimento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda falou sobre “Estado democrático” em sua justificativa ao veto.
O projeto (PLS 503/2011) foi apresentado há 10 anos pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). Depois passou na Câmara como o número de PL 4.261/2012. Dava o nome de “Rodovia Presidente João Goulart” ao trecho da rodovia BR-153, entre Cachoeira do Sul (RS) e Marabá (PA), numa extensão de mais de 3 mil quilômetros, passando por oito estados.
Jango e o interesse público
Na justificativa, Bolsonaro afirma que a proposta “contraria o interesse público” e seria inoportuna por não considerar as “especificidades” de cada estado. Além disso, poderia significar “descompasso com os anseios e expectativas” da população de cada local. E que as homenagens a personagens históricas não podem ser inspiradas “por práticas dissonantes das ambições de um Estado Democrático”.
Eleito nas urnas, João Goulart foi deposto por um golpe civil-militar que originou uma ditadura que durou 21 anos. O ex-presidente nunca pôde regressar ao Brasil. Morreu no exílio, na Argentina, em 1976, e a muito custo pôde ser enterrado em São Borja (RS). No governo Dilma Rousseff (PT), os restos mortais de Jango foram exumados devido a uma suspeita de envenenamento, mas a autópsia foi inconclusiva. O ex-presidente recebeu honras de Estado em Brasília.
“Deposto pelo golpe militar de 1964, o presidente João Goulart talvez seja um dos personagens mais injustiçados de nossa história recente”.
Senador Aloysio Nunes, na justificativa do projeto.