Por J.B. Pontes (*)
É indubitável que a reconstrução nacional, a volta à normalidade e a segurança contra as ameaças à democracia só serão possíveis com Jair Bolsonaro fora do poder. Mas as nossas instituições, acovardadas, fingem que acreditam na boa-fé do Presidente em agir dentro dos limites do Estado Democrático de Direito. Em verdade, estão todas, com raras exceções, nas mãos de pessoas de índole igual à dele, só com um pouco mais de urbanidade.
Os indícios apontam que Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade e, quiçá, crimes comuns. E que, mais uma vez, ficará impune, graças à complacência das instituições que têm o dever de agir para coibir às ameaças ao Estado Direito que vêm rotineiramente sendo praticadas por Jair Bolsonaro.
Ao não avançar nas apurações e nas punições cabíveis, essas instituições passam para a sociedade a impressão de que, cometido um crime, para não ser punido, basta que o criminoso afirme que está arrependido e que o cometeu no “calor do momento”, ainda que saibam ser essa declaração um simples fingimento ou estratégia.
A impressão que nos passam é de que o Brasil está sem rumo enquanto as instituições estiveram aparelhadas – como ocorre hoje, por exemplo, com o Ministério da Justiça, com a Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República, a Controladoria-Geral da União – ou sob o comando de pessoas pusilânimes ou compromissadas com interesses que não são os do povo brasileiro.
Enquanto isso ocorrer, o ambiente continuará favorável às ações de corruptos – a exemplo do ex-presidente Michel Temer e de tantos outros –, dos ultraconservadores golpistas, dos milicianos e, acima de tudo, de uma elite econômica que suga todos os recursos do País.
Todos sabem que, amanhã ou depois, Bolsonaro continuará seus ataques às instituições e a qualquer pessoa que ouse denunciar ou exercer o dever de apurar e punir os possíveis crimes cometidos por ele, seus familiares e apoiadores.
E isso se aprofundará ainda mais caso as pesquisas de opinião continuem a apontar a sua perda de popularidade e que suas chances de reeleição são praticamente zero. Aguardemos para ver quais as novas “facadas de mentira” estão sendo preparadas para tentar reverter a sua popularidade.
Apesar de todo esse cenário desfavorável, precisamos continuar a acreditar que o Brasil tem jeito. Mas precisamos nós, a sociedade civil, também agir, sobretudo para elevar a consciência do povo sobre a realidade política, social e econômica em que está inserido.
Só assim teremos uma democracia com povo e, por consequência, com representantes compromissados com os verdadeiros interesses do Brasil. Esperar que essa ação seja desenvolvida pelos atuais políticos é utopia. Educar e conscientizar o povo é o único caminho para o progresso.
(*) Advogado