Por Manoel Dias*
O governo mandou produzir – felizmente a Justiça proibiu a
divulgação – um vídeo, custeado com dinheiro público, para
confrontar as recomendações da Organização Mundial de Saúde
(OMS) e do próprio Ministério da Saúde, insistindo na
interrupção do isolamento social.
Senhor Presidente, o Senhor têm qual base científica para
contrariar os maiores especialistas do mundo? Qual o parâmetro
que o senhor apresenta para ir na contramão das orientações da
OMS?
As atividades profissionais, mesmo sendo indispensáveis ao
funcionamento do País, devem ser exercidas com responsabilidade.
Nenhum médico mandaria um paciente que corre risco de
morte voltar ao trabalho.
Nenhum engenheiro mandaria uma pessoa, por mais sadia
ou de porte atlético que seja, entrar em um recinto com risco de
desabamento.
Nenhum professor daria um certificado de conclusão a um
aluno sem ter a certeza de que ele tem a segurança necessária
para exercer sua profissão.
Nenhum padeiro, feirante, pedreiro, eletricista sairia em
paz para o trabalho tendo a certeza de estar colocando toda a
sua família em risco.
Nem o banqueiro concederia um empréstimo a um cliente
sem a garantia de poder reaver seu dinheiro de volta com juros e
correção.
Então, qual a razão de o governo fazer campanha caríssima
desafiando os trabalhadores e as trabalhadoras a sacrificarem o
bem maior, que é a vida, sem a menor garantia de estarem
protegidos ou imunes ao vírus mortal?
Na cabeça de quem o dinheiro é mais importante que a
vida? É um tremendo ato de irresponsabilidade expor a
população a riscos desnecessários só para agradar aos magnatas.
A história é implacável, o senhor e seu grupo de
fundamentalistas ficarão com as mãos sujas de sangue de gente
indefesa que se exporá ao vírus por sua causa.
Reflita: quantos cadáveres pátrios precisamos contar para
termos responsabilidade e bom senso? Veja o triste exemplo de
outras nações!
Vamos seguir as recomendações dos especialistas: Ficar em
casa é a melhor arma nessa luta!
Nós, trabalhistas, não hesitaremos na defesa da vida de
nosso povo.
O Estado tem dinheiro suficiente para fazer frente às
demandas que o momento requer. É preciso agir agora!
Nosso povo é mais importante que os banqueiros e
parasitas aos quais o senhor serve!
É preciso parar o vírus e proteger vidas humanas para que o
Brasil não possa parar!
(*) Ex-ministro do Trabalho e presidente da Fundação
Leonel Brizola-Alberto Pasqualini