Faltam dezesseis dias para o primeiro turno das eleições. Mantendo-se o cenário atual, a decisão deverá ser entre Bolsonaro e Haddad. Cabe lembrar que as surpresas que podem vir, como foi o caso do atentado contra o candidato do PSL. Ciro Gomes e Geraldo Alckmin estão convocados a provocar mudanças de última hora.
Quem olhar com atenção o tipo de eleitorado de cada um dos candidatos poderá enxergar com clareza quem eles representarão em um futuro governo. O que fará quem for eleito não se sabe, porque o debate sobre programas de governo só ocorrerá, talvez, no segundo turno.
Pesquisas eleitorais são feitas por amostragem e têm margem de erro. Fazer um levantamento de dois dias num país continental com 208,5 milhões de habitantes é tarefa difícil. Afirmar que a margem de erro é de, no máximo, 2% é arriscado. O Ibope pesquisou 2.506 pessoas distribuídas por sexo, renda, escolaridade e região onde vivem, entre outros dados.
Na pesquisa, alguns elementos merecem destaque. Na pergunta espontânea, onde o eleitor declara sua disposição de votar sem ler uma lista, Bolsonaro lidera com 24% das declarações. Haddad aparece com 11% e Lula ainda é escolhido por 8%, seguido por Ciro (6%), Alckmin (3%) e Marina (2%). Ressalva-se a consolidação do voto em Bolsonaro, o deslocamento de Haddad isolando-se em segundo lugar, e o aparecimento de Lula na frente dos outros, mesmo fora do processo.
Na pesquisa estimulada por um disco contendo o nome dos candidatos, Bolsonaro cresceu 2%, passando de 26% para 28%. Haddad teve um aumento expressivo de 13,8% passando, subindo de 8% para 19%, reduzindo a distância entre os dois para menos de 10%. Ciro se mantém estável, com 11%, e Alckmin e Marina caem de 9% para 7% e 6%, respectivamente.
Vejamos os movimentos dos dois primeiros colocados na pesquisa estimulada:
Jair Bolsonaro – Entre os homens ele tem uma forte votação de 36%. No grupo etário de 25 a 44 anos ele conta com uma intenção de votos de 30% a 32% (45% do eleitorado). Na população com nível superior (estudantes e formados), passou de 29% para 36% (estes eleitores não costumam mudar o voto), e entre os que ganham mais de cinco salários mínimos subiu de 35% para 41%. Na população branca e evangélica Bolsonaro tem 35% e 31%. Sua rejeição é de 42% do eleitorado. Entre as mulheres, 20% declaram voto nele, 50% o rejeitam. Este índice cresceu 53% neste mês. Para 53% dos entrevistados com renda até um salário mínimo o voto para Bolsonaro é uma decisão definitiva.
Fernando Haddad – Ocorre um empate técnico (19% contra 20%) com Bolsonaro entre as mulheres. Na população de 1° ao 4° ano do ensino fundamental, sai de 6% para 24% (crescimento de 300%) e do 5° ao 8° sobe de 9% para 23%. Entre aqueles que têm renda de até um salário mínimo, sai de 10% para 27%, assumindo a liderança (Bolsonaro e Ciro têm 12%), sendo que neste grupo estão 25% do total de eleitores.
No Nordeste, Haddad sai de 13% para 31%, crescendo 138%. Com 15% no Sudeste, registra crescimento de 150%. Raça parda e preta marca um empate técnico de 22% dele contra 24% do adversário. Negativamente destaca-se a rejeição, que cresceu de 23% para 29%. No eleitoral de nível superior o professor da USP tem apenas 13%. Mas 45% do eleitorado considera o voto em Haddad definitivo.
Num segundo turno, há um empate de 40% x 40%. Entre os homens o placar é de 50% X 36% para Bolsonaro. Entre as mulheres, 44% X 30%. Na juventude acontece uma situação interessante. Entre eleitores de 16 a 24 anos Haddad tem 46% contra 41% de Bolsonaro. No grupo de 25 a 34 anos inverte: Bolsonaro tem 45% X 41% de Haddad. No nível fundamental Haddad oscila entre 44% e 47%. Já Bolsonaro fica entre 29% e 33%.
Na outra ponta, no grupo de nível superior, Bolsonaro ganha de 51% a 31%. Na renda Haddad tem 54% X 24% de Bolsonaro quando o eleitor ganha até um salário mínimo. Quando passa de cinco salários, inverte-se: Bolsonaro tem 57% contra 29% de Haddad. No Nordeste o resultado é de 57% X 24% para Haddad. No Sul, 52% X 28% para Bolsonaro.
(*) Morador de Olhos D’Água-GO. Economista, especialista em Planejamento e Orçamentos Públicos. Mestre em Saúde Pública pela Fiocruz