Jair Bolsonaro (PL) recebeu alta na quarta-feira (5) após dois dias internado por uma obstrução intestinal causada, segundo o médico que o acompanha, pela má mastigação de um camarão. O período no hospital precedeu as férias tiradas pelo presidente durante os desastres causados pela chuva na Bahia e em Minas Gerais.
O curto período de recolhimento parece ter agravado a saúde mental do chefe da Nação. Mal saiu do hospital, ele criticou a vacina contra a covid-19, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a urna eletrônica e até a cantora Ivete Sangalo. O ano é velho, mas o discurso populista descolado da realidade continua o mesmo.
Já na quarta-feira (5), Bolsonaro criticou a Anvisa por recomendar a suspensão da temporada de cruzeiros marítimos no Brasil. Na quinta (6), retomou o assunto questionando a autorização da Agência para aplicação de vacinas contra covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. “Qual o interesse das pessoas taradas por vacina?”, perguntou durante a tradicional live nas redes sociais.
Ignorando dados do próprio governo, Bolsonaro questionou se existem mortes de crianças causadas por covid-19. “Eu pergunto: você tem conhecimento de uma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de covid? Eu não tenho”, disse. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados no País cerca de 300 óbitos de crianças nessa faixa etária.
Urna eletrônica
Ele também retomou as críticas à urna eletrônica, jogando fora o cessar fogo com o Judiciário que se mantinha desde a “Declaração à Nação”, escrita pelo ex-presidente Michel Temer e aprovada por Bolsonaro.
“As Forças Armadas foram convidadas pelo ministro Barroso para participar das eleições. Aceitamos participar de todo processo eleitoral, sem exceção. E a Defesa fez alguns questionamentos para o ministro [Luís Roberto] Barroso, do TSE, sobre fragilidades das urnas eletrônicas. Estamos aguardando a resposta do TSE. Pode ser que ele nos convença, pode ser que estejamos errados. Agora, se nós não estivermos errados, pode ter certeza que algo tem que ser mudado no TSE”, afirmou.
Ivete Sangalo
A enchente de notícias falsas continuou com o presidente atacando a cantora Ivete Sangalo por supostamente se beneficiar da Lei Rouanet. Pelo Twitter, Bolsonaro ignorou que a cantora jamais utilizou-se da Lei para captar recursos e afirmou:
“Quando entrei no governo, o limite para artistas era de R$ 10 milhões por ano. Eu passei imediatamente para R$ 1 milhão. Estou conversando com o Mario Frias (ministro da Cultura) agora e vamos passar, nos próximos dias, para R$ 500 mil. Queremos atender àquele artista que está começando a carreira, e não figurões ou figuronas como a querida Ivete Sangalo”, afirmou.
Rejeição
Enquanto mantém-se bradando teorias da conspiração e mentiras, Bolsonaro assiste a sua enorme rejeição na população brasileira. Pesquisa PoderData realizada de 2 a 4 de janeiro mostra que 24% do eleitorado brasileiro acha o trabalho do presidente “bom” ou “ótimo”, e 57% o considera “ruim” ou “péssimo”.
Os dados mostram que o presidente entrou em 2022 no mesmo patamar de avaliação dos meses anteriores. A avaliação é de que ele estaria estabilizado devido à postura menos agressiva do último mês. No entanto, parece que tudo não passou de mais uma falsa impressão que Bolsonaro tentou passar ao país.
Imagina com quanta sujeira teremos de conviver até outubro!…