Tem se tornado comum abrirmos portais de notícias e nos depararmos com matérias pontuando alguma fala do presidente da República. Na maioria das vezes, são falas totalmente absurdas, desconexas, descontextualizadas e intolerantes.
Frases como “eu não te estupro porque você não merece” (em relação à deputada federal Maria do Rosário); “quer que eu faça o quê?” (sobre o elevado número de mortes causados pela covid-19); e “prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí” (em relação à sua posição caso fosse pai de um homossexual) já são bastante conhecidas.
Recentemente, Jair Bolsonaro mostrou mais uma vez sua capacidade de ser irresponsável e leviano. Na quinta-feira (29/7), ele fez uma live onde havia prometido apresentar provas concretas de que as urnas são fraudáveis e de que há riscos reais de as eleições serem manipuláveis.
Resultado: mais um banho de notícias falsas, descontextualizadas e que, além de não apresentarem nenhum indício de fraude nas eleições, pontuaram novamente que o presidente é uma representação viva do senso comum.
Em um determinado momento, Bolsonaro enche o peito e diz que “aos que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Apresentem provas de que ele não é fraudável”. Inversão do ônus da prova. Clássica falácia de quem não possui argumentos para defender suas ideias.
E é baseado no senso comum, com ideias retiradas do completo achismo, que Bolsonaro ganhou tanta popularidade. Ele é uma representação viva dos “grupos da família” no WhatsApp que postam receitas caseiras para acabar com o câncer, dietas que fazem você perder peso em dois dias e matérias “científicas” que provam que vacinas causam autismo.
Fake News se tornaram algo tão comum que estamos começando a esquecer do quão sérias elas são. Fake News causam mortes. O senso comum causa mortes. E nosso presidente, que é tão adepto desse tipo de notícia, representa muito bem esse âmbito tão lamentável da nossa sociedade.
(*) Psicólogo