Parlamentares bolsonaristas enviaram a autoridades norte-americanas uma lista de políticos, instituições e cidadãos comuns rotulando-os de “defensores do grupo palestino Hamas”. Dentre os “denunciados” estão atores sociais que defendem a paz na Palestina e que pedem um cessar fogo por parte de Israel.
A relação elaborada pelo deputado Gustavo Gayer (PL-GO), com 130 nomes, traz na primeira linha a deputada Erika Kokai (PT-DF). Também constam os nomes do ex-candidato do GDF Toninho do Psol e de sua esposa, a ex-deputada Maria José Maninha. O parlamentar requereu à embaixada dos EUA a não emissão de visto de entrada no país e cancelamento dos que, por ventura, já tenham sido expedidos.
Na mesma plataforma, a bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) pede a seus seguidores que informem nomes daqueles que se colocam em defesa da Palestina. Diz que o senador estadunidense Marco Rubio, representante da Florida, afirmou que a perda do visa será aplicada a quem não estiver do lado de Israel. E exibe uma relação que parece ser a mesma de Gayer, porém acrescida dos nomes dos ministros Paulo Pimenta, da Comunicação Social, e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.
Inquisição – As iniciativas dos dois bolsonaristas são comparáveis a uma moderna inquisição e ao renascimento da perseguição macarthista contra aqueles que defendem a Palestina e seu direito de existir enquanto nação. Além de parlamentares do PT, PCdoB e Psol, e de integrantes de instituições como o MST e a CUT, traz nomes de médicos, professores, advogados, jornalistas, pesquisadores e acadêmicos.
De Brasília, também foram incluídos o advogado Acilino Ribeiro, da direção regional do PSB; o historiador, Marcos Tenório, vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina, que há poucos dias foi exonerado da função de assessor na Câmara dos Deputados, supostamente por postagens que desagradaram os defensores de Israel.
Também o jornalista Hélio Doyle aparece lá. Recentemente demitido da presidência da Empresa Brasileira de Comunicação pelo ministro Paulo Pimenta por ter compartilhado uma postagem do cartunista Carlos Latuff, que trazia a expressão “não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”. Pimenta, a quem a EBC é subordinada, e que agora também consta na relação de defensores do Hamas, não gostou da publicação de Doyle. Entendeu que ela afetava a política de neutralidade do Brasil.
Ato em defesa da Palestina
Cerca de 500 pessoas se reuniram no Museu da República, na sexta-feira (20), em ato em defesa da Palestina, pelo cessar fogo e pela Paz. Eram essencialmente cidadãos indignados com o que se passa na Faixa de Gaza. Não houve presença institucional de partidos políticos e de centrais sindicais. Os únicos parlamentares presentes eram os distritais Fábio Félix (Psol) e Gabriel Magno PT.