São “criador e criatura”, “unha e carne”, mas a grande mídia tenta emplacar Moro como o oposto de Bolsonaro. Nada mais falso, cínico e torpe, pois Bolsonaro só existe em função da mega fraude promovida por Moro e MPF em proveito da burguesia e da cúpula das FFAA. Ocorre que com o “derretimento” de Bolsonaro, setores da direita tentam desesperadamente substituí-lo por Moro.
Para o jornalista Reinaldo de Azevedo “ninguém é tão incensado ou transita com tanta desenvoltura (pela mídia) como o ex-juiz, mas, apesar da adesão maciça de setores da imprensa a Moro e um ciclo de notícias positivas como jamais se viu, as intenções de voto no ex-juiz não se alteraram substantivamente”. De fato, o “queridinho” da grande mídia continua patinando em torno de 10% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais sérias que vêm sendo feitas nos últimos meses.
Uma dessas é a da Quaest/Genial Investimentos, que apurou que Moro não cresceu, apenas retornou em dezembro aos mesmos 10% que tinha em outubro, ao passo que Lula se mantém no patamar de 46%, o dobro das intenções de voto em Bolsonaro (23%). Lula supera a soma de todos os demais e venceria no 1º turno com 52% dos votos válidos.
Terceira via
Segundo a Quaest, 73% disseram que não dariam mais 4 anos para Bolsonaro (sendo 40% dos que votaram nele em 2018). Apurou também que Lula tem 37% de votos certos e 20% poderiam nele votar (43% não votariam). Já Bolsonaro conta com 18% de votos certos e 16% potenciais (66% nele não votariam) e Moro, dos que o conhecem, tem 7% de votos certos e 22% de votos potenciais (nada menos que 71% não votariam nele).
A vida não está mesmo nada fácil para a Terceira Via. Segundo a Quaest, confrontados os entrevistados a 3 opções (Lula, Bolsonaro ou nem um nem outro), Lula avançou de 43% para 49% entre julho e dezembro; Bolsonaro em ambas ficou com 25% e a opção Nem Lula, Nem Bolsonaro caiu de 32% para 26%.
Mas a pesquisa da Quaest/Genial apresenta dados importantes que foram pouco divulgados. Revela que 69% dos brasileiros consideram que a desigualdade entre ricos e pobres aumentou no último ano, enquanto apenas 7% acham que diminuiu; e que para 61% dos brasileiros os principais problemas do país estão na área econômica, compreendendo estagnação da economia (23%), desemprego (14%), desigualdade (13%) e inflação (11%), secundados por saúde (17%), corrupção (9%) e violência (2%).
Falta de redibilidade
E quem estaria mais apto em fazer a economia crescer? Lula (33%), Bolsonaro (11%) e Moro (1%). E para resolver os graves problemas sociais? Lula (47%), Bolsonaro (5%) e Moro (1%). A Bolsonaro falta credibilidade e a Moro, além da visível fragilidade intelectual e de oratória, o eleitorado detecta seu desconhecimento em economia e seu desprezo pelas demandas sociais do povo.
Mas o mais interessante da pesquisa da Quaest é a motivação do voto: 71% dos que desejam votar em Lula o fazem pela sua capacidade de gestão; 21% por suas características pessoais ou outros motivos e apenas 8% para derrotar Bolsonaro. Já 45% dos que desejam votar em Bolsonaro o fazem para derrotar Lula e o PT; 26% para afastar o comunismo (sic) e apenas 29% por ele estar fazendo um bom governo.
Moro + Bolsonaro somam 33% das intenções de voto e pode-se estimar que 70% desses eleitores (23% do total) são, sobretudo, anti Lula/PT/Comunismo. Em suma, são eleitores que, para derrotar Lula e o PT, podem vestir o figurino de Bolsonaro ou de Moro, afinal, são mesmo unha e carne.
(*) Doutor em Desenvolvimento Econômico Sustentável, ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasília Capital