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O boom do emprego no Brasil, em que quase 102 milhões de pessoas estão trabalhando atualmente, e a queda no índice do desemprego, de 7,3% para 6,9% no 2º trimestre de 2024, sendo a menor para o período em 10 anos, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem levantado debates, principalmente nas redes sociais, sobre o que é melhor para os trabalhadores.
Enquanto uns defendem o emprego com carteira assinada, outros ainda têm uma visão equivocada do que se chama empreendedorismo, confundindo relação precária de trabalho com autonomia. É um alívio ter um contrato assinado na carteira profissional por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que é uma garantia de direitos desde a admissão até a demissão, como, entre outros, a jornada de trabalho de até 44 horas semanais, horas extras remuneradas, férias remuneradas com adicional de 1/3 do salário, abono de 13º salário, Fundo de Garantia (FGTS), seguro-desemprego, licença-maternidade/paternidade, aviso prévio e proteção contra demissão arbitrária.
Alguns outros benefícios também costumam ser oferecidos, como o vale-refeição e plano de saúde, voucher para academia, incentivos aos estudos e à qualificação profissional, bonificação referente aos lucros obtidos pela empresa, plano de saúde de excelente qualidade, viagens pagas, trabalho em home office, curso de idiomas e pós-graduação pagos, 14º salário e muito mais, o que hoje chamam de CLT Premium.
Mas o que poucos entendem é que esses e outros benefícios são conquistas da luta do movimento sindical. São direitos conquistados, muitas vezes, por meio de Convenção ou Acordo de Trabalho, negociados entre os sindicatos dos trabalhadores e as empresas.
Os benefícios extras são fruto de muitas lutas, de diversas categorias, durante décadas. Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, escreveu um artigo chamado “Bancários: São CLT Premium?” no site da instituição, onde faz um balanço histórico das conquistas dos trabalhadores através de lutas que começaram no século XIX.
“A organização dos trabalhadores conquistou a jornada de 8 horas, não sem muito conflito e mortes. No Brasil, Getúlio Vargas criou a CLT como forma de dar condições mínimas aos trabalhadores e evitar levantes e revoluções. O movimento sindical cutista nasceu questionando o modelo varguista e propondo uma Central Única para que trabalhadores do campo e das cidades pudessem se organizar e lutar por melhores condições de vida e trabalho”, afirma no texto.
Geração Z e a CLT Premium
A “CLT Premium” hoje é um reflexo de uma geração que tem se insurgido contra regras rígidas e exploração do trabalho, e como as empresas precisam de profissionais aptos para o seu funcionamento, se sentem obrigadas a oferecer muito mais, o que demonstra, mais uma vez, que o trabalhador qualificado e ciente de sua força de trabalho aliado à proteção da CLT, pode mais.
Geralmente, esses profissionais são da geração Z: jovens nascidos entre 1997 e 2012, que cresceram imersos em um ambiente onde a tecnologia digital e a internet são onipresentes. Considerados nativos digitais, eles se familiarizaram desde cedo com smartphones, redes sociais e a conectividade contínua, com acesso a uma quantidade de informações sem precedentes.
Profissionalmente, a Geração Z prima pela flexibilidade no ambiente de trabalho, valoriza horários adaptáveis, modelos de trabalho remoto e a possibilidade de moldar seu ambiente de trabalho conforme suas necessidades.
Para essas pessoas, tal flexibilidade não apenas se traduz em um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, mas tambémimpulsiona a criatividade e a inovação. Se na empresa onde trabalham não houver essas condições, pedem demissão e vão em busca de melhores oportunidades, e quanto mais vagas de emprego forem abertas, mais oportunidades de escolha tem o trabalhador.
(*) Fonte: CUT