Os bancos privados aumentaram as taxas de juros dos financiamentos da casa própria, antecipando-se a novas altas da taxa básica de juros (Selic), definida pelo Banco Central. A Selic está, hoje, em 5,25% ao ano, mas deve continuar subindo para conter a inflação. Com isso, a taxa média dos financiamentos, que era de 6,3% em março, chegou a 7,25% ao ano. No entanto, especialistas em mercado imobiliário garantem que a demanda continuará aquecida no setor, mesmo com a crise hídrica e a queda do poder de compra da população. As informações são do Correio Braziliense.
Eduardo Aroeira, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF), avaliou que os juros ainda estão convidativos. “Se olharmos as taxas cobradas há dois anos, elas eram em torno de 10,5%. Hoje, o mercado está otimista”, afirmou. Ele lembra que a última pesquisa da Ademi, em junho, apontou que 50% dos empresários previam aumento da demanda; 55% acreditavam na melhora do ambiente de negócios; e apenas 5% apostavam na piora. “Não há preocupação. Todos os indicadores são favoráveis. A Associação de Notários e Registradores do Brasil (Anoreg) comprovou que os registros de compra e venda de imóveis no país tiveram aumento de 43% de maio para julho deste ano”, reforçou Aroeira.
Ele destacou, ainda, que ontem mesmo o governo federal anunciou uma série de medidas para o programa habitacional Casa Verde e Amarela (que substitui o Minha Casa, Minha Vida), com a promessa de corte de juros de 1 ponto percentual. E o presidente da Caixa Econômica Federal — instituição que responde por 70% de todo o financiamento do setor — afirmou que hoje vai baixar os juros cobrados pela instituição. “Creio que a taxa média deve cair de 7,25% para 6,75%. Isso deverá afetar a concorrência. Os outros bancos deverão se ajustar”, assinalou Aroeira.
Cenário
Ana Castelo, coordenadora de projetos da construção da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), ponderou, por outro lado, que a alta dos juros pode ter efeitos diferenciados. Há quem se apresse para realizar logo o sonho da casa própria, mas também há aqueles de se assustam e adiam a decisão de compra, com medo do que o futuro pode lhe reservar. Mas concordou com Aroeira de que, se agora o cenário não é tão bom quanto no ano passado, não está totalmente deteriorado a ponto de expulsar os compradores do mercado.
“É importante destacar que cada ponto percentual de aumento nos juros afeta de 8% a 9% no valor da prestação da casa própria. Mas quando a inflação começar a ceder e os juros ficarem mais comportados, o consumidor também ganhará”, ressalta Ana Castelo. O comprador que quer um imóvel novo, alerta, deve ficar atento aos termos do contrato e aos índices de correção. “Normalmente, não significa que as construtoras e incorporadoras estão se apropriando da diferença quando cobram mais. Estão, na verdade, ajustando as contas.”