Os bancários de Brasília reforçaram a convocação da CUT, das demais centrais e dos movimentos populares na manifestação realizada terça-feira (21), em frente à sede do Banco Central, no Setor Bancário Sul, contra a alta taxa de juros imposta pela autoridade monetária. Foi o Dia Nacional de Luta contra os Juros Altos e a Política Monetária do BC – dentro da Jornada de Lutas contra os Juros Altos -, que antecedeu a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que definiu, no dia seguinte, pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) de 13,75% (a maior do mundo) para o próximo período.
“Gritamos fora, Campos Neto, porque precisamos de dignidade, precisamos de um país melhor, e isso só é possível com a redução dos juros. O BC tem que fomentar o crescimento e o crédito. A população precisa disso”, cobrou a secretária de Imprensa do Sindicato, Fabiana Uehara, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa).
“A atual política monetária imposta pelo presidente do BC, rechaçada por economistas do Brasil e do mundo, é um crime contra o país”, sustenta o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, presente ao ato. “Tenha vergonha na cara, ouça o clamor da classe trabalhadora e baixe os juros”, disparou.
“Se não baixar a taxa de juros, já temos uma audiência marcada com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porque sabemos que o Senado pode afastar Campos Neto do cargo e, na nossa visão, há motivo para isso, porque ele está sabotando o crescimento do País”, afirma Nobre, reforçando outra das cobranças dos protestos, que é a saída de Campos Neto da presidência do BC.
Juros altos, economia travada
A intensificação da pressão pela queda da Selic acontece num momento em que economia brasileira vem dando sinais positivos, o que não mais justificaria a manutenção dos juros no atual patamar. Campos Neto argumenta que é necessário manter a taxa em 13,75% para conter a inflação, ignorando as sucessivas quedas nos índices inflacionários. O IPCA, que mediu a inflação oficial de maio, ficou em 0,23%, índice menor que o 0,61% de abril e que soma 3,94% em 12 meses. É o menor em três anos.
A Selic é referência para todas as operações financeiras do país e impacta diretamente no consumo, na produção e na geração de empregos. “Essa taxa elevada que está sendo mantida prejudica todo mundo. Traz fome, traz a redução dos investimentos importantes para o Brasil e para todos os brasileiros”, afirma Rafael Zanon, secretário de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Geralcino Santana, presidente da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), foi taxativo: “Se não baixar os juros, não tem investimento, e isso atrapalha todo o setor da indústria. Por isso, é fundamental que os juros caiam, para que o Brasil se desenvolva e tenha uma economia segura”.
O secretário de Aposentados do Sindicato, José Wilson, engrossou o coro. “Quem paga juros neste país é o assalariado, o povo trabalhador. Os banqueiros e os ricos vivem da renda que esses juros lhes pagam. Lucram bilhões. Campos Neto, ainda da triste era do governo Bolsonaro, mantém os maiores juros já cobrados em qualquer país do mundo porque é um representante da classe dominante e quer maximizar os lucros. Enquanto isso, o povo sofre com o desemprego e os juros altos”.
“Essa taxa gera desemprego, não estimula o crescimento e impede que o Brasil possa distribuir a riqueza para a população. Cada vez que vamos às compras, nós pagamos o preço da taxa de juros. Quando vamos trocar um automóvel, a taxa de juros faz com que o carro fique muito mais caro para nós. Tudo isso faz com que os empresários não queiram investir na produção e sim na especulação financeira e na Bolsa de Valores. Por isso, a redução da taxa de juros é essencial para o crescimento do país, a geração de emprego e a distribuição de riquezas”
Enumerou o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues.
“Quero parabenizar o Sindicato dos Bancários e a CUT por esta iniciativa. Nós montamos uma Frente Parlamentar contra os juros abusivos, que está travando a economia brasileira. Por isso essa luta é fundamental”
Arrematou o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).