Ao terraplenar o terreno movediço por onde transita o Centrão, com a indicação de Flávia Arruda (PL) para a Secretaria de Governo da Presidência, Jair Bolsonaro abriu uma grande avenida à direita na política de Brasília.
De uma tacada, apaziguou a turma comandada pelo presidente nacional do PL, Waldemar Costa Neto, e construiu uma saída ultraconservadora para a campanha de 2022 na Capital da República.
Pré-candidata ao Senado, a deputada tem sido orientada a avaliar a possibilidade de concorrer ao Buriti. Seus articuladores atuam intensamente, pensando, inclusive, nas nominatas para deputados federais e distritais.
As manobras agradam ao Planalto. Na cabeça de chapa, Flávia deixa caminho livre para aliados de Bolsonaro como Laerte Bessa, que estava no ostracismo e assumiu como suplente dela.
Outros que ganham espaço são o ex-deputado Alberto Fraga (DEM), amigo do Presidente, mas que não conseguiu emplacar no governo; e o ex-secretário de Segurança, Anderson Torres, que se filiará ao partido a ser escolhido por Bolsonaro, de olho numa cadeira na Câmara Federal.
À frente das tratativas, o marido da ministra, ex-governador José Roberto Arruda, tem se encontrado com parlamentares e com lideranças partidárias. Nessas conversas ele não faz segredo da mudança de planos quanto ao futuro da esposa.
Na segunda-feira (19), durante missa na igreja Sagrado Coração (615 Sul), Arruda tricotava com um cacique da política local, a quem admitiu que o projeto é tornar Flávia na candidata de Bolsonaro ao GDF em 2022.
A dupla chegou à conclusão de que, para isso, será necessário desidratar outros concorrentes, em especial o governador Ibaneis Rocha, inclusive dentro do MDB. Filiado ao partido, o chefe do Executivo não tem domínio sobre o diretório regional da legenda.
Outra chapa de direita praticamente inevitável seria a do senador Izalci Lucas (PSDB). Resta saber como ele comporia com seu suplente, Luís Felipe Belmonte, que pode concorrer ou lançar a esposa, Paula Belmonte (Cidadania), na briga pelo GDF.
Todos esses movimentos ficam em suspenso aguardando a definição de um único personagem: o senador José Antônio Reguffe (Podemos).
Ninguém quer disputar o mesmo páreo de Reguffe. Todos aguardam a definição dele: se tentará a reeleição ou o voo ao Buriti. Para a primeira opção, o senador é considerado “pule de 10”. Para o Executivo, a aposta é de que ele estaria, no mínimo, no segundo turno…