Para quem deu a volta ao mundo, como repórter, francamente, dá vontade de ir embora daqui para fugir da violência que cresce com a rapidez de erva daninha. E digo isto com a concordância de minha mulher e de meus filhos, com o objetivo de salvaguardar o bem-estar das vidas de nossos netos. Sem saudosismo, o Brasil já não é o mesmo de 60 anos atrás. Até mesmo Brasília, a adolescente Capital com apenas 64 anos de existência, é a prova de que o sonho de Kubitschek virou pesadelo diário. É como se em cada esquina um bandido estivesse nos espreitando, esperando a hora de atacar. E os seqüestros-relâmpagos, os arrombamentos e furtos de carros, os estupros e atos criminosos se multiplicam de hora em hora.
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Mas convém esclarecer que a intenção desta fuga irrealizável não tem nada a ver com a falta de patriotismo. Jamais deixei de amar este Brasil, que conheço como a palma de minha mão, onde cohabita um povo trabalhador que subvive, milagrosamente, com um salário mísero de 724 reais, com os aposentados recebendo “reajustes” anuais do INSS em torno de 7 por cento. Mas o pior de tudo é o cenário de criminalidade, com os marginais agindo impunemente, como no caso do médico tarado Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por estuprar 39 senhoras, suas clientes, e que conseguiu fugir porque desfrutava do beneplácito de responder o processo em liberdade (só agora foi preso, depois de quase quatro anos).
Nessa radical e utópica mudança, quem sabe optaríamos por países que conheci e que proporcionam excelente padrão de vida, como o Canadá, a Nova Zelândia ou até mesmo o Japão. Neste último arquipélago asiático, a média de homicídios era de oito por ano (não mudou muito), enquanto aqui no DF varia de 50 mortes por semana. E lá há três valores que são respeitados, tradicionalmente: as crianças, os professores e os idosos.
Por falar em idosos, como faço parte da categoria, fiquei assustado com a estatística publicada esta semana pela Secretaria de Direitos Humanos: em apenas três anos, foram registradas 84 mil denúncias de maus tratos variados contra pessoas de idade avançada. De 2012 para 2013, o aumento foi de 65 por cento. E só nos seis primeiros meses de 2014, já foram feitas 13.705 queixas.
Como os números não mentem jamais, sugiro aos meus prezados leitores que estejam acima dos 60 anos de idade cronológica: todo cuidado é pouco, quando colocarem os pés fora de casa!