Diz um ditado popular que toda história tem três versões: a minha, a sua e a verdadeira. Na política não é diferente. E quem paga o pato são os medalhistas olímpicos brasileiros, protagonistas de todas as faces deste enredo.
Após a medalha de Rayssa Leal no skate, os defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro voltaram a atacar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isso porque, depois do bronze da Fadinha, veio a público a batizada “taxa Olímpica”.
De acordo com essa versão, a sanha do ministro por impostos é tão grande que decidiu cobrar até mesmo dos heróis nacionais, como as medalhistas de ouro, a ginasta Rebeca Andrade e a judoca Bia Andrade.
Por sua vez, os simpatizantes do atual governo começaram a apontar o dedo para o ex-presidente para culpá-lo pelo mau desempenho do Brasil nos Jogos de Paris. O vilão, no caso, era o Bolsa Atleta, praticamente extinto pelo governo Bolsonaro. Sem este apoio financeiro no período de “governo liberal”, tornou-se impossível um bom desempenho brasileiro.
O apresentador Marcos Mion, por exemplo, gravou um vídeo nesta linha e foi obrigado a se retratar. “Quem tem que pedir desculpas é o governo, que não investe no esporte”.
Na legenda do post acrescentou, em letras garrafais: ESSE VÍDEO NÃO É UMA CRÍTICA AO GOVERNO ATUAL. NUNCA FOI. Além disso, o próprio Instagram adicionou um aviso de “informação falsa” no conteúdo.
Se já falamos sobre duas versões da história, você pode estar se perguntando qual é a terceira.
A verdade é que, provavelmente, neste momento, os atletas – assim como a maioria da população brasileira – estão pouco se importando com política. Afinal, eles estão curtindo a maior competição esportiva do mundo e correndo atrás dos seus objetivos profissionais.
Faça um exercício de memória e lembre-se do dia mais importante de sua carreira profissional. Naquele dia, você se perguntou o que estava em pauta no Congresso Nacional? Ou quem era o ministro da Fazenda?
Para aqueles que trabalham com política, como este colunista, talvez sim. Mas, para a grande maioria, possivelmente não.
E aí está o desafio dos profissionais de comunicação que trabalham com política no período das Olimpíadas: chamar a atenção do eleitor, mesmo que todos estejam interessados, de fato, no desenrolar dos Jogos.
Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado surfou na onda e viralizou com um meme informando o pagamento de salário (em dia) dos servidores públicos do estado.
Para isso, utilizou a foto icônica do surfista de bronze Gabriel Medina. Caiado também usou um vídeo-selfie da pirenopolina Raiza Goulão, única brasileira no Mountain Bike Cross, gravado diretamente da Vila Olímpica, onde ela agradece nominalmente o governador pelo programa Bolsa Pró-Atleta.
A comunicação inovadora e antenada às tendências cotidianas – e não políticas – pode ser uma das explicações para que o Governo de Goiás tenha a melhor avaliação do País dentre todos os estados da Federação.