Como já disse, neste Brasília Capital, jamais me filiei a partidos políticos nos meus 66 anos de jornalismo. Isto, para que não incorresse no erro de julgamento temerário, quando fizesse qualquer tipo de comentário referente à área. Assim, posso falar com total liberdade sobre esse Lava Jato, cuja mangueira está sendo acionada por um magistrado curitibano, espargindo jorros pra todos os lados, com a justificativa de varrer a corrupção que assola o País.
A ação é meritória e oportuna, até porque já está na hora de dar um basta em tantos furtos bilionários, com autores continuando impunes. Mas discordo da maneira como está sendo conduzida, com incentivos premiados aos réus dedo-duro, a exemplo do senador Delcídio do Amaral. Se é para prender larápios, tudo bem. Mas não com a invasão de grampos telefônicos, sem respeitar até mesmo a privacidade de uma presidente da República, transformando o episódio em nova versão do Big Brother Brazil.
Diante dessa balbúrdia de impeachment apoiado ostensivamente pela mídia e que faz lembrar o Samba do Crioulo Doido do saudoso humorista Sérgio Porto, sinceramente me dá vontade de sair por aí navegando, dando volta ao mundo, tal qual foram as minhas mil viagens na época em que trabalhei como repórter do Jornal do Brasil, das revistas Manchete e O Cruzeiro – que saudades!
Se hoje não tenho dinheiro para comprar uma passagem até Paris e sentar naquele bar do Quartier Latin, o preferido de Ernest Hemingway, faço de conta que estou lá, agora, tentando escrever um conto no estilo de Guy de Maupassant, em meu caderninho sobre a mesa.
Ainda como segunda opção de uma viagem em volta de mim mesmo, desembarco em Nova Iorque, a cidade que não dorme; e saio correndo no rumo do boteco aconchegante da Greenwich Village, que era frequentado por uma deusa de enormes olhos azuis, chamada Jane Fonda, que nunca se deu conta de minha paixão platônica, muito embora eu estivesse sentado a dois palmos de sua mesa, morrendo de ciúmes de seu namorado francês Roger Vadim.
Com base na premissa do aforismo “Recordar é viver”, eu voltei feliz da vida nesta rápida fuga do conturbado cenário político brasiliense. E dando toda a razão ao lusitano Fernando Pessoa, quando afirmou em um de seus poemas: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.
O diplomata que ampliou as fronteiras do Brasil
No tempo em que o Google não existia
Cuidado com as onças!