Os povos indígenas podem votar. Mas, sem conseguir entender a forma de exercer esse direito, muitos não conseguem escolher seus representantes. A razão é simples: existem mais de 30 idiomas praticados pelas diversas nações. E entre eles não está o português.
Mesmo assim, todo material de comunicação da Justiça Eleitoral – impresso ou virtual – vem exatamente na língua que eles não falam, esta última flor do Lácio, inculta e bela, no dizer de um soneto de Olavo Bilac.
Pois a partir de agora, os nossos predecessores terão a oportunidade de entender como funciona o sistema de votação que elege – em muitos casos pessimamente – os seus prepostos nas Assembleias, Câmaras e, em casos que eles sequer conhecem, síndicos de apartamentos e chefes de departamento em grandes corporações.
Ao reconhecer as dificuldades que as tribos têm de entender nossa burocracia democrática, a Justiça Eleitoral resolveu imprimir e divulgar pela Internet o básico sobre o assunto, no idioma em que eles foram educados, abrangendo desde o caminho para tirar o Título até o funcionamento das urnas eletrônicas.
Só fica faltando a descrição de como votar em benefício do povo originário. Em outras palavras, eleger quem está defendendo seus interesses.
Coisa que, por aqui, os letrados não fazem há muito tempo.