J. B. Pontes (*)
Enquanto bandos de fascistas, fanáticos, ignorantes ou “paus mandados” bloqueiam rodovias e se aglutinam nas portas dos quartéis gritando ridiculamente pela volta da ditadura – o que seria risível, se não fosse trágico -, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva já trabalha intensamente para estruturar o seu governo.
Uma das grandes tarefas será pacificar o País, não com violência, mas também sem confundir pacificação com a impunidade daqueles, em especial Bolsonaro e sua família, que atentaram ou atentam contra a democracia, contra os princípios da Constituição Federal e contra parcelas mais carentes da sociedade.
Dentre os objetivos do novo governo está a viabilização do aumento do salário mínimo e da volta do programa Bolsa Família, para amenizar o sofrimento imposto ao povo nos últimos quatro anos pelo desgoverno que se despede.
Tarefa difícil, diante do enorme rombo nos cofres públicos que, segundo especialistas, alcança mais de R$ 400 bilhões, incluindo gastos inutilmente feitos para viabilizar a reeleição do atual presidente.
O esforço para melhorar financeiramente a situação dos menos favorecidos é muito nobre e necessário. É uma vergonha que em um país que é considerado celeiro do mundo exista tanta gente passando fome.
Esperamos, também, que o novo governo promova o que jamais se fez no Brasil: um programa de inclusão do povo na democracia, uma revolução cultural visando preparar a população para participar do processo político, social e econômico do país.
Não adianta somente garantir o voto, viabilizar canais de participação popular na formulação das políticas públicas e falar em democracia, se uma enorme parcela da sociedade continua sem condições de participar. Democracia sem povo não tem robustez e sempre poderá ser ameaçada, como assistimos nos últimos anos.
É inegável que nos governos anteriores do PT as parcelas mais carentes da população tiveram uma substancial melhoria nas condições financeiras. Mas continuaram tão ignorantes quanto antes sobre os valores da democracia e sem condições de entender a sua realidade político-social.
Assim, bastou aparecer um pseudo líder, com forte identificação com o nazifascismo, para que ele fosse conduzido ao poder e passasse a atentar contra a democracia.
Portanto, é preciso, mais do que nunca, elevar a consciência política e democrática da parcela atualmente excluída, como forma de evitar a volta do nazifascismo, vez que ele fincou raízes na nossa sociedade.
É preciso promover e apoiar projetos com a finalidade de elevar consciências, difundir os valores democráticos e sobre a importância da participação popular na vida política. E que esse movimento seja interiorizado, por meio da criação de organizações não governamentais nos municípios e nos bairros, que promovam palestras, encontros, seminários e eventos com essa finalidade.
Não deixemos que o nosso povo se encante de novo com políticos de tendência extremista e totalitária, cujo desejo maior é acabar com a democracia e se transmutar em ditadores.
(*) Advogado, geólogo e escritor