São mais de 500 anos de espera. Isso, contando apenas o período em que Pedro Álvares Cabral, seus heroicos marinheiros – e, não menos importante, o escrivão Pero Vaz de Caminha – chegaram para assumir, em nome de Portugal, a Ilha de Vera Cruz.
Não se contam aqui as centenas de anos que tribos espalhadas por toda a Pindorama sobreviviam com o que sabiam fazer, e não com as novidades que traziam os homens brancos.
Eles, pressupõe-se, não tinham necessidade de aprender novas técnicas para sobreviver nem o nome do novo deus que substituiria os seus xamãs e outras divindades que habitavam o lugar onde viviam.
No entanto, passados tantos anos, ainda se discute – e é discussão de gente grande, que, atualmente, envolve a Justiça e o Parlamento – uma facciosa versão do que diz a Constituição de 1988.
Tudo, em linguagem bem rasteira, para decidir quando foi mesmo que os indígenas ocuparam a Terra Brasilis: no fundo, o Marco Temporal quer mudar a data do descobrimento. De 1500 para 1988. Sem contar as dezenas e dezenas de séculos passados antes desse interesseiro debate.