Desde criança, sou muito fã de Zezé di Camargo e Luciano (quem me conhece sabe). Em várias aulas minhas,uso exemplos retirados de canções da dupla. Como essa metodologia sempre foi bem recebida pelos que me acompanham, resolvi estender isso aos meus artigos.Mensalmente, falaremos sobre língua portuguesa por meio dos versos desses notáveis artistas!
Para começar, um clássico:“É o amor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim”. Quero falar sobre as estruturas em destaque. Vamos fazer uma experiência – retirá-las do trecho:“O amor mexe com a minha cabeça e me deixa assim”.Note que, do ponto de vista gramatical, a sentença permanece correta e compreensível. Portanto, é possível perceber que o par “é…que” foi usado para realçar, dar ênfase ao trecho. Tal construção tem um nome: partícula expletiva.
A partícula expletiva (ou partícula de realce) serve para colocar em evidência alguma informação do texto– no trecho da música, o foco está em “o amor”. A inserção ou retirada desse recurso enfático não altera a correção gramatical ou o sentido original.
Veja mais um exemplo:O Neymar é que sofre muitas faltas.Vale a pena perceber que a oração poderia ser reescrita sem o “é que”(“O Neymar sofre muitas faltas”). Estamos, novamente, diante de uma partícula expletiva.
Zezé di Camargo e Luciano fizeram uso desse recurso em mais de uma oportunidade! Na canção Indiferença, o trecho “é a sua indiferença que me mata” também apresenta a partícula de realce! Logo, em momentos distintos da carreira, a dupla colocou em evidência sentimentos diferentes! Em outra belíssima canção, mais uma partícula expletiva: “no inferno é que se vê o paraíso” (Diz pro meu olhar).
Aposto que, de agora em diante, será fácil se lembrar dessa função do “que”! Difícil vai ser tirar essa música da cabeça nas próximas horas!