As recentes mudanças no transporte público não trouxeram o conforto esperado pela população. Pelo menos é a opinião dos próprios usuários dos sistema, de acordo com pesquisa do Instituto Exata Opinião, obtida pelo JBr. com exclusividade. E os problemas continuam os mesmos, já que, para 30% dos entrevistados, o tempo de espera é o pior defeito. As avaliações negativas chegaram a 44% e ultrapassam as opiniões favoráveis e regulares. Apesar das críticas, 50,7% são contrários à volta das vans.
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A tão esperada licitação do transporte parece ter passado longe de sanar as dificuldades. As empresas assumiram a operação do sistema e ainda não conseguiram convencer o consumidor. A prova disso é que 62% afirmam que o sistema está igual ou pior ao que era oferecido antes, contra 27% que disseram que melhorou e outros 10% que não souberam responder.
Mesmo com a renovação dos veículos, 30% dos entrevistados informaram desconhecer que houve uma concorrência que definiu as novas empresas. Por outro lado, um item da pesquisa pode ser considerado um avanço. O estado de conservação da frota foi citado como maior problema por apenas 2% dos usuários. Antes, os veículos ultrapassavam os oito anos de limite e o serviço era prejudicado pelas panes.
Em um ano e meio de operação, os novos ônibus até trouxeram um pouco mais de conforto, mas a falta de pontualidade continua e a ausência de informação têm desanimado o passageiro. É o caso da instrutora de idiomas Kaynnar Costa, que reclama do descumprimento dos horários mostrados no site do DFTrans.
“O que eles informam não corresponde com o que a gente vê na prática. Além do mais, os motoristas são mal-educados e dirigem muito rápido. Também acho que o sistema é muito centralizado aqui no Plano Piloto. Se eu preciso ir do Guará, onde moro, para outra cidade, tenho dificuldade”, criticou.
Houve melhorias, mas com ressalvas, segunda a secretária paroquial Maria de Fátima Araújo. Moradora de Sobradinho, ela enfrenta um trajeto de duas horas até o trabalho, no Gama. A primeira parte do caminho, até a Rodoviária é onde se concentram as maiores dificuldades em relação à falta de pontualidade. Mas o Expresso DF foi um ponto positivo.
“Os ônibus quebram menos. Tinha dia que eu pegava até três, por causa disso. Mas ainda tem muito o que melhorar. Em Sobradinho, eu demoro até meia hora para conseguir embarcar”, explicou.
Ônibus novos não bastam, diz população
A classificação do sistema de transporte dada pelo vendedor Felipe Nascimento é “regular”. Ele reconhece que os novos ônibus representaram um passo importante na qualidade, mas lembra que, sem manutenção, a qualidade pode cair. Sobre outros aspectos, Felipe, morador da Vila Planalto, também tem impressões ruins. “A pontualidade continua um ponto fraco e a falta de informação nas paradas é muito ruim. Mesmo sendo perto do Plano, onde eu moro é muito difícil pegar ônibus”, disse.
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Já para o estudante Rafael Gomes, a evolução foi visível. “Está melhorando. Antes, era bem pior. O problema é que, na Vila Telebrasília, onde moro, temos poucas opções de linhas”, contou.
A falta de educação é a principal reclamação do estudante Douglas Alves. “Os motoristas continuam deixando de parar quando sinalizamos. Parece que estão sempre estressados. Não adianta ter ônibus novos se eles não param”, ironizou.
De acordo com o especialista em trânsito, Luiz Miúra, a falta de continuidade atrapalha as políticas públicas para o transporte. “Qualquer planejamento para essa área depende de muito mais do que quatro anos para ser implantado”, opinou. A influência política na tomada das decisões é outro fator preocupante. “Transporte é um assunto muito técnico e em Brasília carece de análises mais profundas”, completou.
A Associação das Empresas de Transporte Coletivo e Urbano do DF informou que não vai se pronunciar a respeito da pesquisa.
Versão oficial
A Secretaria de Mobilidade se comprometeu em fazer ajustes que melhorem a operação. “Temos nos reunido com as empresas de ônibus para traçarmos a nova rede de linhas de ônibus, que será otimizada, reduzindo custos e tempo de espera, e aumentando a frequência e controle da frota”, divulgou, em nota. As mudanças serão apresentadas ao governo pelas empresas e, caso sejam vantajosas, serão aprovadas. As adaptações devem vir no segundo semestre de 2015.
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