Após 21 dias afastado para tratar de problemas de saúde, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, retorna ao trabalho nesta segunda-feira (13) e deve voltar a despachar do Palácio do Planalto. Apesar do retorno, a permanência do ministro no governo ainda é incerta.
Padilha se reunirá nesta segunda com o presidente Michel Temer para decidir se vai se manifestar publicamente após ter sido mencionado por José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, em depoimento ao Ministério Público no mês passado.
Na ocasião, Yunes revelou que recebeu um envelope com “documentos” do doleiro Lúcio Funaro a pedido de Padilha, durante a campanha presidencial de 2014. Funaro, preso na Operação Lava Jato, é apontado pela PGR como operador financeiro do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato.
Segundo delação premiada do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, o envelope continha dinheiro. Yunes disse desconhecer o conteúdo do envelope, entregue no escritório dele, segundo afirmou, a pedido de Eliseu Padilha e retirado posteriormente por um emissário.
Padilha ainda não se manifestou publicamente sobre as acusações, já que, poucos dias depois, foi hospitalizado em Brasília por problemas na próstata e se ausentou do cargo. Ele viajou para Porto Alegre, onde mantém residência, e se submeteu a uma cirurgia no órgão. O ministro renovou, por pelo menos duas vezes, os atestados médicos.
Delações da Odebrecht
Um dos motivos que tem trazido incerteza à permanência de Padilha no governo é que, nos próximos dias, a Procuradoria Geral da República deve solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) novos pedidos de inquérito baseados nas delações de executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Lava Jato.
A expectativa é que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente diversos pedidos ao Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar a conduta de políticos citados pelos delatores. Estima-se que os delatores da empreiteira tenham mencionado cerca de 200 políticos com e sem mandato.
No Planalto, ressalta-se a possibilidade de que tenham sido citados pelos delator Padilha e Moreira Franco (ministro da Secretaria-Geral da Presidência), dois dos auxiliares mais próximos de Temer.
Apesar da expectativa pela divulgação de uma nova \”lista do Janot\”, Temer já declarou publicamente, em mais de uma ocasião, que não afastará ministros que vierem a ser citados por delatores.
O presidente anunciou que somente afastará algum ministro do cargo após uma eventual denúncia. Caso esse ministro se torne réu no Supremo, Temer disse que o demitirá.
Articulação pela reforma da Previdência
Um fator que pode pesar a favor da permanência de Padilha na Casa Civil é a capacidade de articulação junto ao Congresso pela aprovação da reforma da Previdência.
Desde a saída temporária do ministro, a base aliada do governo na Câmara e no Senado vem demonstrando insatisfação sobre pontos da proposta enviada pelo Planalto.
Para tentar conter os ânimos dos parlamentares, nos últimos dias, Temer se viu obrigado a reforçar reuniões e encontros com parlamentares. Na última segunda-feira (6), por exemplo, o presidente promoveu um jantar no Palácio da Alvorada com líderes da base para tratar do tema.
Na semana passada, ele também recebeu no Planalto o vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), acompanhado da bancada mineira, duas semanas após o deputado do PMDB ter anunciado rompimento com o governo.