Começa assim: um sujeito que nunca escreveu uma linha que preste (a não ser, claro, as atas do condomínio), de repente se sente um Otto Maria Carpeaux do mal e começa a criticar livros que tenham – segundo sua indiscutível opinião – palavras inadequadas para quem tem idade mental de caranguejo.
Esses camaradas, que exercem suas funções públicas crentes de que estão prestando um serviço para a Humanidade, fazem o favor de divulgar sua existência por intermédio de proibições.
É o que estamos assistindo a todo momento, aqui e alhures: uma espécie de furor soberano.
Não se sabe exatamente quando isso começou, cá na Terra de Santa Cruz.
Talvez, quando aquele sujeito que foi ministro da Educação começou a escrever bobagens no seu Zap – digo, WhatsApp.
Frases sem concordância – na verdade, todas elas em discordância com o vernáculo.
Aí o exemplo foi descendo para as secretarias estaduais, municipais, diretores de escolas, professores analfabetos, até chegar ao guarda da esquina.
E cá nos encontramos, assistindo, atônitos, à chegada desses novos censores.
Começa assim, mas termina muito mal.