O moderníssimo aeroporto Charles De Gaulle, em Paris, fazia lembrar um hospital de refugiados asiático, com indigentes brasileiros de todas as idades esparramados pelo chão, muitos sem se alimentar e sem saber quando retornariam à pátria amada onde cantam os Sabiás. A brasiliense Flávia e seu marido, que foram desfrutar de sua Lua de Mel num hotel próximo ao rio Sena, acabaram curtindo verdadeira Lua de Fel, devido à greve dos funcionários da Air France, que começou na manhã de domingo, 14 de setembro, e só terminaria 15 dias depois, no domingo, 25, caracterizando-se como o movimento paredista aeronáutico mais longo da história da França. E todo esse clima ficou agravado pela ameaça das bombas dos terroristas muçulmanos, que transformaram a Cidade Luz na Cidade do Medo.
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Mas pior, muito pior, foi a situação de idosos, cujos euros acabaram. e se encontravam a pão e água, como o caso de uma senhora carioca, sem as pílulas para neutralizar o avanço de um traiçoeiro câncer, com o seguro de saúde vencido e sem dinheiro para consultar um médico local, renovando o estoque numa farmácia francesa. E todos queriam desabafar e até xingar os responsáveis pela Air France, que não deram bola para o sofrimento deles, idem o consulado brasileiro em Paris.
Não apareceu ninguém para ouvi-los, muito menos jornalistas. E aí me perguntei: onde estão os repórteres do Brasil? Só me foi possível descrever esse quadro dantesco pela descrição de minha mulher, Lêda Maria, diplomada em Jornalismo pela UnB, que vivenciou na pele o mesmo sofrimento, só não passando fome porque ainda tinha crédito em seu cartão Visa.
No transcurso de toda essa tragédia protagonizada por vítimas tupiniquins, a mídia nacional manteve um silêncio sepulcral, só noticiando a greve em seu finalzinho, sem qualquer protesto veemente, à guisa de justa pressão, pela omissão das autoridades francesas e do Itamaraty. Também silenciaram os candidatos presidenciais às vésperas das eleições de 5 de outubro. O falastrão Aécio Neves, por exemplo, em vez de ficar atacando a delicada Marina, quem sabe poderia subir de cotação, baixando o pau na Dilma por não socorrer, oficialmente, seus patrícios, enviando um ou dois gigantescos Hércules da FAB para recambiar os turistas brasileiros que desceram à condição de flagelados internacionais.