Diante de tantos ataques à cultura e à educação, um grupo de escritores e poetas do Distrito Federal criou uma espécie de front de resistência. Residentes em Águas Claras, eles instalaram, e já está em funcionamento, na Região Administrativa, a primeira Academia de Letras de Águas Claras (Alac). A cerimônia de posse dos membros e a sessão solene ocorrem nesta quinta-feira (19), a partir das 19h, no Auditório da Unieuro.
“A academia é formada por escritores da cidade e pessoas que fazem trabalhos voltados para a literatura e para o mundo das letras”, informa a escritora Giulieny Matos. Ela irá ocupar a Sexta Cadeira, cujo patrono é Ariano Suassuna. “Fiquei muito feliz com a escolha dessa cadeira para mim”, disse.
Giulieny Matos, que está fora do Brasil e não vai participar, presencialmente, da cerimônia de posse, começou a carreira de escritora em 2011 e já tem 10 livros publicados. Representou o Brasil no Chipre e sua obra “Cadê minha mãe” foi lançada na Holanda e bastante divulgada na imprensa nacional.
Depois de várias reuniões, a Alac foi formalizada e começou a vigorar no dia 11 de dezembro. As 21 cadeiras, patronos e membros são ocupadas unicamente por autores residentes em Águas Claras. A Cadeira número 1, cuja patrona é Cecília Meireles, é ocupada pela presidente da Alac, Ana Delice Santos Feitosa, a Ana Delicy.
“A importância da arte literária na sociedade é colossal. Todos os gêneros literários, como poema, conto, crônica e outros, são muito importantes para o registro de uma nação. Brincando com as palavras, descobrimos a força e a sapiência humanas, além de transmitir e receber ao mesmo tempo informações necessárias para o crescimento de um povo. Sem poesia a vida fica dura, séria e penumbrosa”, afirma a presidente da Alac.
Para ela, nesses tempos tão difíceis, artistas e escritores devem se unir para fortalecer a cultura e a arte. “Descobri desde a infância o valor da literatura e o prazer de jogar com as letras. Ao longo de minha trajetória na educação, como professora, elaborei poemas, contos, crônicas, músicas e peças teatrais, não pensando em me tornar escritora, mas para suprir a necessidade de elaborar meus planos de aula e projetos pedagógicos”, conta.
Há 2 anos, quando se mudou para Águas Claras, procurou formar uma associação ou um grupo de escritores que pudesse somar interesses e realizar o sonho de divulgar o seu trabalho. “Mas não encontrei, e comecei a enviar convites nas redes sociais, marcando reuniões”. Após 4 meses havia formado a primeira equipe que elaborou o Estatuto, registrou em cartório e disponibilizou 30 cadeiras.
Esses escritores também realizaram um seletivo durante os meses de outubro e novembro deste ano para agregar mais acadêmicos, cujas cadeiras serão ocupadas hoje, na posse. São seis para a diretoria e 12 para os novos acadêmicos. “Minha felicidade é tremenda, porque sinto que o meu sonho não é particular, é apenas uma letra que forma a palavra ALAC-DF”, afirma Delicy.
O Estatuto da entidade indica que a Alac é uma instituição de duração ilimitada, com finalidade exclusivamente literária e cultural, sem finalidades políticas, religiosas ou ideológicas. A entidade é legalmente constituída em pessoa jurídica e, a princípio, reúne entre seus membros apenas escritores e pessoas do mundo das letras com publicações lançadas.
Cadeiras, Patronos e membros da Alac:
- Cecília Meireles (Ana Delicy) – Presidente da ALAC
- Cora Coralina (Conceição)
- Carlos Drummond de Andrade (Anderson)
- Renato Russo (Pedro)
- Mário Quitana (Berenice Pareira)
- Ariano Suassuna (Giulieny Matos)
- Graciliano Ramos (Gilvadar) – Vice-presidente
- Guimarães Rosa (Giannini Deschamps)
- Euclides da Cunha (Edson Oliveira)
- Vinícius de Moraes (Lair Franca)
- Monteiro Lobato (Marcelo Vilela)
- Castro Alves (Manuel Neto)
- Jorge Amado (Paulo de Tarso)
- Rachel de Queiroz (Renata de Lima)
- Machado de Assis (Lukas Bruno)
- João Cabral de Melo Neto (Adriana Araújo)
- Augusto dos Anjos (Luana Silva)
- Clarice Lispector (Marcelo Perrone)
- José Lins do Rego (VAGA)
- Érico Veríssimo (VAGA)
- Ledo Ivo (VAGA)