A Semana do Meio Ambiente findou e o Park Way, uma das Regiões Administrativas mais ricas em fauna e flora originais no Distrito Federal, que responde por 30% da água que chega ao Paranoá, não teve uma única muda de árvore do Cerrado plantada pelo poder público. Quem apareceu foi um lindo lobo Guará, nas imediações da Lagoa do Cedro.
A falta de iniciativa das autoridades, em especial da Administração Regional, cuja Comissão de Meio Ambiente (Comdema) não se reúne desde a primeira posse do governador Ibaneis Rocha (MDB), em 2019, demonstra o descuido para com o bairro e sua natureza. No Park Way, a preservação ambiental e a defesa contra ameaça de ocupações irregulares estão muito mais nas mãos dos moradores e associações do que na ação preventiva das autoridades.
Há momentos em que os moradores são obrigados até a se confrontar com o Poder Público, para tomar iniciativas que evitem a dilapidação da natureza. Recentemente, a comunidade moveu uma ação civil pública para brecar na Justiça a construção, pela própria Administração, de um estacionamento numa área verde da Quadra 1.
Num bairro onde faltam recursos para recapeamento das vias, melhorias nas redes de energia, edificação de passeios públicos, conclusão das ciclovias, preservação ambiental, sobra para construir um estacionamento irregular, com apoio de maquinário do Departamento de Estradas de Rodagens (DER).
Segundo moradores, a obra visa atender uma cervejaria próxima e contaria com o beneplácito do deputado distrital Hermeto (MDB). Na ação impetrada na Justiça, vídeo do perfil do parlamentar – que indicou o administrador regional -, informa que Hermto está se esforçando para angariar fundos necessários à execução de um estacionamento para 180 veículos. Não foi informado o valor do empreendimento.
Administração ignora a Justiça
O mais grave é que a Administração Regional ignorou a liminar concedida pela Vara de Urbanismo e Meio Ambiente interditando qualquer ação naquele local. Não só retirou árvores e toda a vegetação ali existente, como espalhou piche no preparo para receber o pavimento asfáltico.
O desrespeito à decisão judicial levou o juiz Carlos Maroja a fixar multa de R$ 20 mil/dia pelo descumprimento da liminar, e intimar, via oficial de justiça, o administrador Deusdete Benevides para que explicasse a “afronta ao Judiciário, sob pena de responsabilização criminal e por improbidade administrativa”.
Ainda assim, a obra prosseguiu, obrigando os moradores autores da ação a chamar a Polícia Militar para que, com a decisão do juiz impressa, conseguisse paralisar os serviços. Infelizmente, após tudo ter sido destruído pelos tratores.
A esta coluna, Deusdete afirmou que tão logo recebeu a notificação interrompeu a obra, e que esta não é uma iniciativa do distrital Hermeto. “O Park Way tem administrador e o estacionamento é um pedido de 200 empresários locais”, disse.
Relevância das áreas preservadas Na visão do presidente da Associação Comunitária do Park Way, José Joffre Nascimento, “o administrador precisa estar direcionado na realização das prioridades apresentadas pelos moradores do bairro que ele dirige e não ao contrário, como temos percebido”. “É preciso que o GDF e até moradores de outras RAs entendam a relevância das áreas preservadas no Park Way. Elas trazem benefícios a todos moradores do DF pela sua condição ambiental”.
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