Respeitosamente, discordo dos que acreditam que agosto é o mês de desgostos, muito embora alguns apresentem suas justificativas com base em fatos históricos relacionados a dois grandes presidentes da República: o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954; e a renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961. Realmente, em ambos episódios o Brasil esteve à beira de uma revolução fratricida e prejuízos incalculáveis. Mas convém ressaltar que ser supersticioso não constitui pecado mortal ou sintoma de burrice aguda, até porque a superstição já era uma realidade muito antes de nosso calendário Ano Domini (Ano do Senhor), na Grécia Antiga, ou seja, 399 anos Antes de Cristo. Posteriormente, foi aceita e disseminada pelos romanos, império que dominou quase toda a Europa e partes da Ásia e África.
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Portanto, não se envergonhe, prezado leitor, se você, por exemplo, acredita que quebrar um espelho significa prenúncio de morte ou azar. Antigamente aceitava-se que o reflexo corresponde à imagem da alma de quem o utiliza. E se quebrá-lo ou danificá-lo, vale como despedaçar a própria alma, provocando a morte. Na verdade, essa crença passou a ter bastante utilidade econômica, quando surgiram os primeiros espelhos no século 16, na cidade de Veneza, na Itália. Como os espelhos à ´época eram bastante caros, os serviçais que os limpavam eram advertidos pelos patrões de que quebrá-los traria azar num futuro próximo, azar esse que começava pela demissão do desastrado operário.
No extenso rol de crendices, há superstições para todos os gostos, temores importados e nascidos em séculos passados, com exceção do agosto, mês de desgostos,produto genuinamente nacional. A propósito de minha discordância sobre este mau presságio de calendário, tenho fortes razões para continuar desacreditando: o mês de julho, para mim, transcorreu recheiado de uma série de ziquiziras que afetaram minha saúde: uma queda na rua que me levou ao hospital; uma semana de gripe tipo mata-idoso; cirurgia complicada para retirar um câncer de pele e, para completar, uma forte infecção intestinal (eufemismo de caganeira), que me deixou de pernas bambas.
E como não acredito em azar, estou entrando neste lindo mês de agosto com energias renovadas, feliz da vida com os presentes e o carinho que recebi de meus filhos, no último domingo, 10, Dia dos Pais.