Pegando uma carona dialética na interrogação do poeta brasiliense Renato Russo, tentarei sublimar meu estarrecimento diante do que presenciei pela TV, no último domingo, 15, sobre as ostensivas passeatas realizadas em todas as capitais estaduais, inclusive aqui em Brasília, pedindo a cabeça da presidente Dilma Roussef, como se isso fosse a salvação da lavoura.
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Estranhamente, ficaram incólumes os 49 políticos incluídos na operação Lava-Jato, entre os quais o senador Renan Calheiros (AL) e o deputado Eduardo Cunha (RJ), ambos do PMDB, respectivamente, presidentes do Senado e da Câmara Federal. Pelo visto, tudo leva a crer que se transformará em pizza o esforço do corajoso procurador da República, Rodrigo Janot, protagonista do que está sendo chamado de Petrolão, mais uma vez prevalecendo a impunidade made in Brazil.
De minha parte, como sou apaixonado por livros de História, fico triste ao constatar que a corrupção começou com os Governadores Gerais que o rei de Portugal enviou para administrar a então colônia. Tentados por tantas riquezas naturais que encontraram na bendita terra de Santa Cruz, Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá meteram as mãos nas cumbucas de ouro, cada qual em sua respectiva gestão.
De lá pra cá, o exemplo foi seguido à risca pelos homens públicos, totalidade absoluta de políticos caras de pau. Os referidos continuam vencendo pleitos eleitoreiros, alguns com o sugestivo slogan: “rouba, mas faz”, a exemplo de Paulo Maluf, que já foi empossado na Câmara Federal, apesar de ser um dos cabeças na lista de candidatos inelegíveis.
E aí me pergunto: adianta cassar a ex-guerrilheira Dilma Rousseff, que foi torturada e estuprada num cárcere da Ditadura Militar?
Na minha modesta opinião, para consertar a bagunça nacional, em todos os níveis, só mesmo a governança semelhante de um Franklin Roosevelt, que com seu new deal (investimentos públicos em vez de congelamentos, ouviu Rollemberg?), salvou os Estados Unidos da depressão nos anos 1930; ou a alternativa de alguém parecido com Juscelino Kubitscheck.
Mas, infelizmente, minha sugestão fica no plano da utopia. Segundo os espíritas, tipos como Roosevelt e JK só reencarnarão daqui a 500 anos. Resta apelar para o poema de Drummond: “E agora, José?”.
Indagação que somente Deus pode responder!