Depois de tantas convenções de calendários de o Dia Disso, o Dia Daquilo, o Dia Não Sei de Quê e até mesmo a discrepância de o Dia da Revolução de 1964 (que no Brasil deveria se chamar o Dia do Golpe Militar) – eis que me surpreendo ao ler no Correio Braziliense, edição do último domingo, que a data de 20 de julho é dedicada ao Dia dos Amigos! Corro para o Google para parabenizar o autor da feliz iniciativa, na esperança de que fosse um conhecido brasileiro e eis que me deparo com o nome de um argentino chamado Enrique Ernesto Ferrraço. Por inspiração e grana própria, ele resolveu, certo domingo, promover um caprichado churrasco regado a vinho tinto e convidou todos os amigos que conhecia, que não eram poucos. E a inesquecível churrascada dominical virou autêntico Banquete de Amizade, que se estenderia até a madrugada de segunda-feira.
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No ano seguinte, na mesma data, Ferraço repetiria o prazeroso encontro, que se multiplicou em outras famílias portenhas e virou moda em Buenos Aires. Esses fatos ocorreram pelo final da década de 1970 e há alguns anos que o Dia do Amigo foi importado para o Brasil. Obrigado, amigo argentino, hermano Ernesto Ferraço! Por sua feliz iniciativa, você exaltou uma data das mais importantes da vida humana: a Amizade se sobrepondo ao Making Love oriundo da Paixão. O Amor de um casal de apaixonados, que depois de noivar, acabam unindo-se “até que a morte os separe”, que na maioria das vezes, enganosamente, transforma-se em desamor (claro que há exceções). No que se refere à Amizade, o sentimento de afeto cresce cada vez mais, de perto ou de longe, mesmo quando o desenlace da morte os separa, inexoravelmente. É como se o amigo amado estivesse sempre presente. Nos surpreendemos positivamente quando os encontramos tempos bem mais tarde, e verificamos que nada mudou.
O tema é ótimo, mas não há tempo e nem espaço para enumerar os tantos Amigos que possuo, a começar pela minha Família. Ainda em tratamento de difícil cirurgia, estou sendo tratado em casa como se estivesse num hospital 10 estrelas, que só existe no Ministério da Saúde Celestial. Por isso, prefiro citar o verso da canção do Milton Nascimento:“Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração (…), debaixo de sete chaves!”
PS – Em amigo velho, a vaca não lambe, não é mesmo, Orlando Pontes?