Lideranças políticas e comunitárias e candidatos derrotados nas últimas eleições já se movimentam, em seus redutos eleitorais, em busca de apoio que resulte em indicação para as administrações regionais. Até que a eleição direta seja realidade, a escolha dos administradores será feita a partir de consulta informal aos moradores das regiões administrativas, segundo promessa de campanha do governador eleito Rodrigo Rollemberg.
Em Ceilândia, maior colégio eleitoral do DF, dois candidatos a distrital derrotados despontam na preferência das lideranças: Guarda Jânio (PRTB) e o delegado Fernando Fernandes (PRTB também). O próprio Guarda Jânio reconhece que a cidade está dividida. “Estamos conversando, mas percebemos que há divisão”, diz ele, que conseguiu 14.939 votos e está na suplência.
“Em Ceilândia, algumas associações me reconhecem como veem como um político bem votado. Além disso, sou morador da região desde 1971”, destaca. A campanha para conseguir o apoio tem sido intensa. “Estou participando de alguns movimentos, com algumas lideranças, Nós estamos dialogando, conversando”, explica.
O conhecimento profundo da cidade e de seus problemas seriam os diferenciais de Jânio, que é candidatíssimo à escolha de Rollemberg, apesar de ser de um partido da base do adversário do governador eleito nas eleições de outubro. “Se for da vontade da população, não tenho dúvida nenhuma: eu quero”, disse.
“Uma honra”
O partido não deve ser um problema para Fernando Fernandes, que conseguiu 12.079 votos. Pessoalmente, ele apoiou Rollemberg, no segundo turno. Ele garante que não tem feito articulações para conseguir a indicação, mas concorda que seu nome tem despontado na preferência dos moradores. “Fui procurado por algumas lideranças, mas prefiro aguardar os critérios do governador”, desconversa.
A indicação, ele garante, será recebida de bom grado: “Se vier, a gente vai aceitar o desafio. Para mim, seria um honra”, afirma.
Moradores reivindicam eleição direta
Paralelamente às campanhas individuais para indicação, um grupo de moradores do Gama se organiza em um movimento popular “Eu quero eleger o meu administrador”. O objetivo é pressionar o governador eleito a cumprir o prometido durante a campanha.
“Ele só tem que cumprir o que prometeu. Viabilizar a eleição e dar autonomia e estrutura para o administrador trabalhar”, destaca Ernesto Gold (PHS), candidato a distrital que obteve apenas 2.354 votos e idealizador do movimento.
Embora o nome dele seja um dos que pipocam junto às lideranças da região administrativa, ele disse que não aceitaria o cargo por indicação. Mas já adianta que será candidato, quando a eleição for realidade. “Não aceito a indicação. Quero ir pelo voto popular. É nisso que o povo acredita. Isso é democracia”, diz o candidato a distrital derrotado, que reforça que seus mais de dois mil eleitores serão determinantes para referendar seu nome.
Campanha no gama
Gold confirma que algumas lideranças já trabalham pela indicação e já foi, inclusive, procurado por algumas pessoas. “Algumas lideranças já me procuraram, pedindo meu apoio. Mas sou contra a indicação e não me manifestarei”, promete.
A assessoria de Rodrigo Rollemberg não comentou a movimentação que ocorre nas regiões administrativas do DF. Disse apenas que as consultas informais à população para a indicação dos primeiros administradores ainda não começaram.
Movimento na câmara legislativa
O deputado distrital Alírio Neto (PEN) tenta resgatar projetos de Lei que já tramitam na Câmara Legislativa e tratam da eleição direta para administrador.
Ele disse que pretende levar as proposições para a reunião do colégio de líderes, na próxima terça-feira, para colocar os projetos na pauta.
“Vamos nos antecipar, para ajudar o governador eleito a cumprir uma de suas promessas de campanha”, disse.