Está difícil saber para quê serve a Administração de Taguatinga. As ruas da cidade estão repletas de buracos, mato alto, lâmpadas queimadas. A sensação na cidade é de abandono. E o público sequer tem canais para apresentar suas demandas ao órgão que deveria ser o braço do GDF na cidade. O site da Administração (taguatinga.df.gov.br) está parado desde 9 de dezembro de 2014, quando o então administrador, Antônio Sabino, assinou um termo de cooperação para garantir o funcionamento da biblioteca pública local.
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Outro canal muito usado pelas demais administrações e de eficácia indiscutível no contato com a comunidade é o Facebook. A página ‘Adm Taguatinga’, antes usada para receber denúncias e mostrar o que estava sendo feito pela regional, também não tem sido atualizada. No dia 23 de janeiro, logo depois da posse do administrador Ricardo Lustosa, a assessoria informou que ‘em breve voltaria a postar mais notícias sobre a cidade’: “Estamos trabalhando para levar a você, cidadão, todas as informações e ações de Governo em prol da melhoria da qualidade de vida dos moradores de Taguatinga”, diz a postagem. Desde então, nada de novo apareceu na página.
Em uma pesquisa rápida, o Brasília Capital falou com quinze pessoas que passavam pela Praça do Relógio. Destas, seis sequer sabiam onde funciona a sede da administração. Nenhuma soube dizer o nome do administrador e apenas duas disseram estar vendo o trabalho da administração no dia a dia da cidade. “Trabalho em Taguatinga há trinta anos. Fazia tempo que o caminho do centro da cidade para a minha casa (Samambaia) não ficava tão esburacado”, conta o proprietário de uma banca de revista, Francisco Raimundo.
Os comerciantes disseram sentir falta da aproximação do governo com a comunidade. “A gente trabalha tão perto. Acho que não custa nada, de vez em quando, alguém da administração dar uma volta pelo centro, conversar com comerciantes e moradores e ver de perto o que precisamos”, sugere Marcos Barbosa, proprietário de uma loja de materiais para festas na C-8.
Obras paradas
Desde o dia 28 de janeiro, as administrações regionais não estão mais autorizadas a fornecer alvarás de construção ou autorizar pedidos de reformas. O governo Rollemberg criou a Central de Aprovação de Projetos (CAP), que conta com 28 engenheiros e arquitetos para analisar todos os projetos do DF. A mudança deixou as administrações de mãos atadas e mais de 2,1 mil projetos esperando para serem analisados desde então.
O empresário Márcio Guimarães afirma que o DF está parado em termos de obras e que isto gera um prejuízo sem tamanho para os cofres públicos. “Está tudo parado. As administrações regionais não servem mais para nada, pois perderam o poder que tinham de aprovar obras na cidade”, afirma Guimarães, que já foi administrador regional de Taguatinga na gestão da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB).
De acordo com a Associação de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), são 143 processos parados à espera de um parecer. “No levantamento que fizemos em 2014, eram 3,7 milhões de metros quadrados que poderiam estar em construção. Isso geraria um Valor Geral de Venda (VGV) de R$ 18 bilhões, e cerca de R$ 2,7 bilhões em impostos”, afirma o presidente da entidade, Paulo Muniz.
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GDF treina gestores
A falta de preparo dos gestores e funcionários da maioria das administrações regionais já foi detectada pelo GDF, que, na terça-feira (24) promoveu um curso de planejamento, orçamento e finanças voltado aos servidores e administradores. Nas oito horas de duração, deram palestra aos servidores na Escola de Governo (EGOV) o vice-governador, Renato Santana (PSD), a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, o diretor-executivo da EGOV e o professor José Wilson Granjeiro (PSB). Os convidados deram palestras sobre gestão pública.
Mais de noventa servidores e gestores de administrações regionais participaram da iniciativa. O administrador de Sobradinho, Divino Sales, aplaudiu a ideia de aperfeiçoar os servidores e consequentemente melhorar o serviço público. “O conteúdo do curso reforça as informações aos nossos funcionários e tira eventuais dúvidas das práticas do dia-a-dia”, destacou o administrador.