A condução da negociação entre a equipe formada por integrantes da Divisão de Operações Especiais da Polícia Militar do DF, do esquadrão antibombas e membros da Polícia Civil foi considerada “irrepreensível” por especialistas em segurança pública ouvidos pelo Correio. O principal argumento para atestar o sucesso da operação é que a vida do refém e a do criminoso foram preservadas.
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Especialista em gerenciamento de crise e resgate em sequestros, Marcos Martins Machado afirmou que a ação foi louvável. Machado, que é ex-diretor-geral da Polícia Civil de Goiás, ex-secretário executivo de Segurança Pública e chefe da Divisão Antisequestro por 10 anos, ressaltou que os especialistas brasilienses seguem a mesma doutrina do serviço secreto norte-americano (FBI), pela qual “a negociação é primordial”. A regra número um é “quando se esgota a negociação, inicia-se uma nova negociação”, explicou.
Embora o sequestrador tenha surgido por diversas vezes na sacada do hotel, em posição de ser atingido por um atirador de elite, Martins Machado destacou que a polícia agiu “dentro do padrão que é preservar a vida. Do refém, do bandido e da polícia”.
De acordo com o especialista, o trabalho de resgate necessita de calma, conhecimento teórico e prático e “um comando firme”. Machado foi responsável pela ação de resgate no caso de sequestro de Wellington Camargo, irmão da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano, ocorrido em dezembro de 1988.
Professor e pesquisador em segurança pública da Universidade Católica de Brasília, Nelson Gonçalves também elogiou o procedimento policial. “Em casos como esse, o primeiro objetivo é preservar a vida do refém. As negociações são feitas com esse intuito. O segundo objetivo principal é preservar a vida do próprio criminoso. Na verdade, qualquer medida mais agressiva contra o criminoso, medidas letais, como um tiro de comprometimento, deve ser o último recurso”, afirmou.