A Academia Taguatinguense de Letras (ATL) comemora, nesta sexta-feira (9), 35 anos de fundação e oito de tombamento como Patrimônio Cultural, Material e Imaterial do Distrito Federal, reconhecida pelo governo local e pela Câmara Legislativa.
As festividades têm caráter reivindicatório, uma vez que a instituição corre o risco de perder a sua sede, localizada, há 12 anos, no Espaço Cultural Teatro da Praça, devido a uma especulação de que poderia perder o espaço para projetos do GDF – o que a Administração de Taguatinga não confirma.
Presidente da ATL, o escritor Gustavo Dourado lembra que, com o tombamento assegurado pela Lei 5159 de 2013, regulamentada pelo decreto 35.549, de junho de 2014, a entidade ficou consolidada no Complexo Cultural EIT.
“Foi uma grande conquista para os escritores e para a Academia, a única tombada no Centro-Oeste e uma das poucas no Brasil a ser reconhecida e a carregar importante título. Mesmo assim, a instituição tem sido alvo constante de ameaças de perder a sua sede”, afirma.
Títulos – Dourado destaca que os acadêmicos (titulares, honorários, pesquisadores, beneméritos colaboradores e correspondentes) receberam diversas Moções de Louvor da Câmara Legislativa do DF e de outras instituições pelo trabalho em prol da cultura e da educação.
Em 2017, a ATL lançou sua primeira antologia, com a participação de mais de cem escritores do DF. A obra foi distribuída, gratuitamente, em cerca de 200 escolas da rede pública. Além disso, participou de quatro Bienais Brasil do Livro e da Leitura, de cinco Semanas Nacionais de Ciência e Tecnologia, de oito Feiras do Livro do DF, da Feira Literária (Fli/DF), do Congresso Mundial da Água, do Congresso Mundial dos Direito Humanos, entre outros eventos.
Mensagem ao governador
A deputada distrital Jaqueline Silva (PTB) enviou, no início de abril, mensagem ao governador Ibaneis Rocha (MDB) solicitando “atenção especial à academia”. Ela pede que o chefe do Executivo “garanta aos acadêmicos o espaço necessário para que continuem exercendo essa importante e rica contribuição para o crescimento literário do DF”.
Jaqueline justificou que “é graças à sua representação que escritores, professores, leitores e pesquisadores participam de feiras de livros e leitura, bienais e fóruns em todo o País”. A parlamentar lembrou, ainda, que “a ATL já foi reconhecida pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, a qual adquiriu mais de 300 livros e folhetos de cordel de seus autores”.
No último dia 5, o administrador de Taguatinga, Bispo Renato Andrade, garantiu, em reunião com os diretores da ATL Admilson Queiroz e José Maria da Silva Mourão, que a entidade será mantida no espaço onde se encontra por força da lei e do decreto de tombamento. Segundo Bispo Renato, a instituição será, posteriormente, incluída nos projetos culturais propostos pela Administração Regional.
Manifestação dos acadêmicos
O acadêmico Astrogildo Miag afirma que é “inconcebível a inquietação em relação ao espaço/sede da Academia Taguatinguense de Letras, entidade que sobrevive graças à dedicação e persistência dos escritores mantenedores”.
A escritora e professora Hilda Mendonça, fundadora da ATL, destaca que a instituição “é fruto do esforço diuturno de pessoas que amam a cidade e sua gente e querem que Taguatinga se orgulhe de sua cultura, das letras taguatinguenses e, por isso, sua sede precisa ser mantida”.
“Junto-me às vozes que clamam pela permanência da ATL em sua sede, no Centro Cultural EIT, proporcionando que a instituição mantenha o exercício de suas atividades socioculturais junto à comunidade”, observa o escritor e poeta Ildefonso de Sambaíba, titular da ATL.
Antônio Carlos Sampaio Machado, escritor, promotor cultural e membro da instituição, ressalta que “a sociedade do DF legitima o espaço e o valor de academia como bem da educação, arte e cultura”. O escritor Emanuel Lima lembra que a ATL possui um acervo de livros e pinturas sobre a história de Taguatinga”.
Para o acadêmico José Aureliano, “a ATL não pode ser despejada de sua sede pelo poder público seja a que pretexto for”. Seu colega Pedro Gomes disse esperar “que os governantes respeitem as normas legais e mantenham a ATL no espaço que ocupa há 12 anos”.
Amigos e parceiros da ATL
O presidente da Academia de Letras do Brasil e do Conselho Nacional das Academias de Letras do Brasil, escritor e professor Mário Carabajal, em mensagem à ATL, lembra que “a cidade de Taguatinga é referência para o Brasil na arte das letras, encontrando-se a Academia Taguatinguense de Letras como centro difusor da literatura emanada pelo Distrito Federal e pelo Estado de Goiás”.
O ator, diretor e produtor cultural Gilson Montblanc comenta que “o espaço é do povo e a cultura literária é do povo!”. Já o escritor da ALB/DF e vice-presidente do Sindescritores Gilbson Alencar considera “um absurdo a ATL vir a perder sua sede.
O presidente da Academia Candanga de Letras e membro da ATL, escritor e poeta Affonso Gomes, declara: “É inadmissível que uma conquista tão aplaudida pela classe literária seja simplesmente dizimada por pessoas que não têm compromisso com a cultura de Brasília. A ATL é um patrimônio cultural do DF e deve ser respeitada pelas autoridades e mantida na sua sede atual”.
O coordenador de produção da Feira do Livro de Brasília, Luciano Monteiro, afirma que “a ATL sempre teve um papel de grande relevância não só no meio literário de Taguatinga, mas também em todo o universo da educação e da cultura do DF. Fica ATL”.
O professor, escritor e analista judiciário Elias Antunes, morador de Taguatinga, ao defender a manutenção do espaço da ATL ressalta que a entidade “é uma das mais atuantes, de forma efetiva e transformadora, seja no fomento da cultura, da literatura e das artes, seja no embasamento para que surjam novos talentos”.
O jornalista e poeta Nonato Freitas, em Portugal, salienta que desmontar a ATL significa “trucidar sonhos não só de artistas das letras e de outros segmentos culturais do DF, mas também de toda a sua população”.
João Pedro Pereira Rocha, professor e escritor e diretor de Projetos e Eventos da ATL, salienta que a entidade é um espaço que leva o nome de Taguatinga e merece cuidado e um trabalho de fortalecimento para que os moradores locais continuem tendo um espaço de representação cultural no campo da literatura”. A cineasta, poeta e artista Maria Maia manifesta-se: “Viva a ATL, deixem no lugar esse templo da palavra”.
“É lamentável que uma instituição como a ATL, que tão bem representa as manifestações culturais e a história de Taguatinga, esteja na iminência de perder seu espaço-sede”, comentou o poeta e escritor Herbert Lago Castelo Branco.
“Vamos abraçar esta causa. Somos solidários na defesa da Academia, pérola do património de identidade e raízes da nossa cultura”, comenta o professor e pesquisador Deusaniro Junior, analista Judiciário do Supremo Tribunal Federal.
O professor Marco Aurélio Silva, da Secretaria de Educação do DF, ressalta: “A ATL precisa do apoio governamental, especialmente da Secretaria de Educação, da Secretaria de Cultura e da Administração de Taguatinga, e não de ameaças de perda de sua sede”. A escritora Gracia Cantanhede conclama: “Lutemos em prol da permanência da ATL no espaço que ocupa há anos”.
(*) Jornalista – Especial para o Brasília Capital