Cláudio Abrantes é um dos mais fiéis escudeiros do governador Ibaneis Rocha (MDB). Reginaldo Veras, seu correligionário, é um dos mais críticos opositores do atual titular do Buriti. Dizem ter uma boa convivência, mas podem se enfrentar em dezembro, na disputa pela presidência da Câmara Legislativa. O embate tem chance de se repetir em 2022: ambos pretendem concorrer a uma vaga de deputado federal. O Brasília Capital fez as mesmas cinco perguntas para os dois, que conferem ao partido a dúbia condição de ser situação e oposição ao GDF. Confira:
O senhor disputará a presidência da Câmara Legislativa em dezembro? Se não, a quem pretende apoiar?
Cláudio Abrantes – Sou um homem de missões. Ser líder do governo é a minha missão no momento. No entanto, é uma honra para todo deputado incluir pelo menos um mandato à frente da presidência da Casa. Mas ainda não pensei nisso. Tenho muito respeito pelo nosso presidente, tenho minha parceria com o governador Ibaneis e meu trabalho como deputado e como líder do governo. Ainda não tenho nada definido nesse sentido. Estou à disposição do diálogo com meus pares, com o governador e, acima de tudo, à disposição da sociedade e da minha consciência.
Reginaldo Veras – Não tinha pretensão de disputar a presidência, mas, nos bastidores, iniciou-se uma articulação dos deputados do chamado centro, da oposição e independentes que consideram que tenho viabilidade para ser eleito presidente e conduzir a Câmara totalmente independente do governador. Se o nome está posto, aceito o desafio.
O governo Ibaneis tem bandeiras coerentes com o programa do PDT?
Cláudio Abrantes – Sim. Ainda que as bases ideológicas não comunguem rigorosamente da mesma cartilha, as bandeiras e o trabalho correm nas mesmas direções. O que nossa sociedade precisa, afinal, é de entregas, solidez no trabalho, coerência, transparência e honestidade.
Reginaldo Veras – Não tem qualquer compatibilidade com as bandeiras históricas do partido: o trabalhismo, a defesa do serviço público e das empresas públicas e a defesa de uma educação libertadora e progressista. O governo Ibaneis é privatista, retira direitos dos servidores públicos e não tem uma política educacional séria.
Sua postura na Câmara Legislativa está de acordo com as orientações do comando nacional do partido?
Cláudio Abrantes – Um dos meus princípios históricos é justamente ser fiel a quem lhe acolhe, lhe dá amparo, apoio e estrutura. Hoje tenho toda a tranquilidade dentro do PDT. É um partido no qual me sinto muito à vontade. Tenho reuniões periódicas com o presidente regional. Georges Michel, e contato direto com os dirigentes nacionais. Me sinto muito gratificado por poder entregar uma legislatura limpa, em total consonância não só com o partido, mas com as demandas da sociedade. É isso o que todos os lados querem: trabalho, produtividade e mãos limpas.
Reginaldo Veras – Sim. Considerando que o partido dá bastante independência aos seus membros e que minha atuação é compatível com as bandeiras históricas do brizolismo.
Acredita que o seu trabalho como distrital o credencia a disputar uma vaga na Câmara Federal em 2022? Por que?
Cláudio Abrantes – Acredito que meu trabalho por Brasília me credencia a seguir atuando por nossa população. Temos uma ampla agenda de entregas, graças a Deus, e a população reconhece isso. Quanto a onde isso irá ocorrer na próxima legislatura, depende muito do desenho que farei, daqui para a frente, para minha carreira, para meu posto de atendimento ao morador de Brasília. Apenas uma coisa é certa: estarei à disposição da nossa capital.
Reginaldo Veras – Sim. Obtive capilaridade eleitoral que extrapola a questão geográfica e ideológica. Atuo com afinco na defesa da educação e o trabalho é reconhecido. Mantenho a coerência nas minhas ações. Estou entre os mais atuantes, os mais frequentes e os que mais economizam recursos públicos.
O que será melhor para uma candidatura nas próximas eleições: ser aliado ou opositor do governador Ibaneis?
Cláudio Abrantes – O governador Ibaneis não é apenas um fenômeno eleitoral. Basta lembrar que essa é sua primeira incursão na política, e que quando iniciamos nossa jornada ele estava com 0,3% das intenções de voto. Ou seja, trata-se de uma estreia que já chega com o peso da cadeira maior do Executivo Distrital. E que vem fazendo bonito, um governo de entregas, de reconstrução. A condução da pandemia da covid-19 no DF tem sido exemplar. Olhe para o DF de hoje. Estamos em obras. Estamos em permanente movimento. Até mesmo nas ações mais polêmicas, quando a sociedade vê os resultados, passa a entender o governador.
Reginaldo Veras – Oposição. Caso contrário, perderia a coerência.