No domingo de Páscoa (12/4), a TV Brasil dedicou duas horas de sua programação a uma transmissão, em rede nacional, do proselitismo do presidente Jair Bolsonaro e das políticas irresponsáveis que ele propaga sobre a pandemia do coronavírus 2. O espaço teve participação destacada de pastores representantes de igrejas fundamentalistas alinhadas com seu governo.
Em janeiro deste ano , o secretário de Desestatização, Salim Mattar, apresentou um cronograma de privatizações de todas as empresas públicas do Brasil. Em um evento promovido pelo banco Credit Suisse, Mattar anunciou que, além de Correios, da Telebras, da Petrobrás, do Serpro, Dataprev, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, entre muitas outras, está também a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Nos planos do governo Bolsonaro, o Estado brasileiro tem de vender tudo. Será o único país do mundo a não ter nada que lhe assegure um mínimo de soberania. Será também o único país a não ter um sistema público de saúde, de educação, de processamento de dados da administração pública, a não ter uma rede pública de comunicação social.
A maior parte dos brasileiros é contra essa privatização. O ex-diretor da Radiobrás, Pedro Paulo Rezende, por exemplo, diz que está muito triste com os rumos que o governo Bolsonaro está dando à empresa. “Boa parte desse projeto da NBR foi eu quem fez. Fui diretor da Radiobrás e me dá uma tristeza danada ao ver o que o governo Bolsonaro está fazendo”, declara.
A jornalista Débora Cruz, também jornalista, diz que “o mais importante neste momento é defender o Estado laico”. As críticas não param por aí. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou uma nota sobre o programa veiculado no domingo de Páscoa e denunciou a privatização.
“Com a autoridade de seus 112 anos de existência em defesa das causas democráticas no país, a ABI lembra ao presidente da República que o Executivo dispõe da NBR para divulgar suas iniciativas e que a TV Brasil, por definição, é uma emissora pública, e não uma porta-voz de suas posições”, afirma a nota da ABI, assinada pelo seu presidente Paulo Jerônimo de Souza.