Enquanto alguns países já percorrem o caminho de abertura econômica pós-pandemia, como os Estados Unidos, outros permanecem em graves processos de contaminação pela covid-19 e com a economia claudicante. O Brasil é um deles. Por aqui a inflação, após desacelerar em abril, voltou a crescer em maio e teve maior impacto entre a população mais carente, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com o estudo do Ipea, famílias com renda mensal menor que R$ 1.650,50, considerada muito baixa, foram as que mais sofreram com os aumentos de preço (inflação de 0,92% em maio). A habitação e o transporte foram os setores que mais impactaram, com aumentos nos preços de produtos e serviços geridos pelo governo, como energia elétrica (5,4%), água e esgoto (1,6%), gás encanado (4,6%), botijão de gás (1,2%), gás veicular (23,8%), etanol (12,8%) e gasolina (2,9%).
O crescimento da inflação afeta tanto ricos quanto pobres, mas a classe de maior renda teve esse impacto diminuído porque o preço das passagens aéreas caiu 28,3%. Medicamentos tiveram alta de 1,3% em maio, o que pesa mais para as famílias de renda baixa. Já os planos de saúde, que têm mais peso para as classes de renda mais elevada, subiram 0,67%.
O fato é que as pessoas, de maneira geral, têm sentido o peso dos aumentos nas contas de luz, água, combustíveis e, claro, dos alimentos. Isso causa um grande temor nas famílias: o de que a inflação volte a ser um grande vilão a correr o poder aquisitivo de todos, como ocorreu no período pré-Plano Real, no governo Sarney.