O romantismo, a busca por um príncipe ou uma princesa, um (a) parceiro único, especial e perfeito, a ilusão de que sempre encontraremos alguém para nos fazer felizes para sempre, são ideais que tiveram suas origens nos contos de fada que costumávamos ouvir na infância. Contudo, os contos de fada não levam esse nome por acaso. Do contrário, seriam contos humanos. E nenhum conto de fada contou até hoje a história do pós – o famoso “felizes para sempre”.
Eis porque levamos para a vida duas ilusões que podem prejudicar a nossa realidade no transcurso da vida adulta. A primeira, de que somos uma metade em busca da outra metade; a segunda, a de que, ao encontrar alguém para amar, encontramos o passe para “sermos felizes para sempre”. Em função dessas duas crenças, jovens e adultos passam acumulando histórias de decepções e frustrações amorosas ao longo da vida.
A forma como as histórias são contadas para as crianças muitas vezes as faz crescer achando que são metades e que a sensação da completude só é possível quando se encontra uma alma gêmea, o que seria sinônimo de felicidade. Por isso, crescemos com a noção de que só um outro pode nos fazer feliz. Ledo engano, eu diria.
Inicialmente, precisamos desmitificar a primeira crença, segundo a qual somos seres incompletos. Precisamos nos entender como um ser inteiro, tendo tudo de que precisamos para ser felizes no nosso interior. Para vivermos bem, precisamos aprender a nos conhecer, a nos aceitar e a nos transformar em pessoas melhores. Passar a ter prazer com a nossa própria companhia e nos orgulharmos de quem somos, de quem nos tornamos e admirarmos a nossa caminhada de vida.
A partir de então teremos uma verdadeira autoestima. E nada como uma boa autoestima para atrair outras coisas boas também. E, sim, é possível viver bem e feliz sem encontrar um grande amor. No entanto, é necessário ter boas relações que dêem sentido à vida.
Existem pessoas que vão encontrar parceiros para aprenderem juntos a partilhar uma felicidade em comum. É importante relembrar que a segunda ilusão, citada neste texto, é acreditar que achar quem se ama é sinônimo de felicidade. Isso porque os amores encontrados, na sua maior parte, são muito diferentes, o oposto do que propõe a idéia de alma gêmea.
Por isso, buscar a felicidade a dois é trabalho duplo e redobrado, pois se relacionar não é difícil, mas conseguir ter um relacionamento saudável e que traga alegrias para si e para o mundo não é um conto de fadas; é um desafio diário.
De toda forma, o sentido da nossa vida sempre está na sabedoria em lidarmos conosco e com as nossas relações, sejam elas amorosas (amor romântico) ou não.
Aconselho achar seu sentido, antes de achar um amor.