A distrital Paula Belmonte demonstrou força, habilidade política e sufocou, pelo menos por enquanto, um movimento que buscava afastá-la da presidência do Cidadania-DF, conforme antecipamos na semana passada. Nomes como o do ex-governador Cristovam Buarque, e o ex-presidente do partido, Chico Andrade, queriam eleger o ex-secretário de Educação do DF, Marcelo Aguiar, para substituí-la. A ideia era se valer de uma reunião previamente agendada do diretório regional, cuja pauta previa eleição para vagas abertas na direção executiva, e então alterar toda a direção. Não deu certo.
Esse movimento deseja um Cidadania mais à esquerda, próximo do governo Lula. Belmonte é contra. Dele fazem parte integrantes do PPS e do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), que, sob comando de Roberto Freire, se submeteu a um revisionismo programático e hoje constitui o Cidadania.
Desde então, a legenda tem se posicionado mais à direita. Apoiou o impeachment da presidente Dilma Roussef, fez parte do governo Temer, e formou uma federação com o PSDB, contrária, contudo, ao nome do ex-governador João Doria como candidato a presidente.
Batalha de Itararé
O embate de sábado (26) no Cidadania DF foi definido por um de seus integrantes como sendo a Batalha de Itararé. Como se sabe, na Revolução de 1930, tropas paulistas planejaram derrotar as forças varguistas na divisa do Paraná. Tudo apontava para um grande embate, mas, ao chegar ao local, os destacamentos gaúchos nada encontraram. A batalha não existiu. Getúlio Vargas que havia saído de trem do Rio Grande do Sul rumo ao Rio de Janeiro, foi recepcionado com festa na cidade de Itararé.
Na Batalha candanga, contudo, Belmonte sai vitoriosa e, por enquanto, mantém os cavalos amarrados no obelisco (na chegada ao Rio de Janeiro, as tropas de Getúlio, para demonstrar o controle da situação, amarraram os cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco).
O ponto que previa uma nova eleição para presidente do partido nem chegou a ser votado. Entretanto, assim como foi a gestão de Vargas, o desejo de substituir Belmonte na presidência do Cidadania-DF não foi deixado de lado. Há uma tentativa de negociação para que a transição se dê em paz.
Para seus opositores, como afirmou o ex-governador Cristovam Buarque a esta coluna, “já passou da hora de ela deixar de representar um partido com a origem do Cidadania”.