Tersandro Vilela (*)
No mundo hiperconectado em que vivemos, a informação circula em velocidade recorde. Um post pode alcançar milhões de visualização em minutos. Mas essa disseminação acelerada traz um desafio preocupante: a desinformação.
Segundo a Unesco, 62% dos influenciadores digitais não verificam os fatos antes de compartilhar informações. Isso significa que, na maioria dos casos, o público recebe conteúdo sem qualquer checagem, abrindo caminho para a viralização de notícias falsas, distorcidas ou fora de contexto.
Como os influenciadores lidam com a checagem?
A pesquisa da Unesco, realizada com 500 influenciadores em 45 países, identificou padrões de comportamento preocupantes:
- Confiança cega na fonte – 33,5% compartilham informações baseadas na credibilidade que atribuem ao criador original, sem análise mais profunda.
- Prioridade ao entretenimento – 15,8% priorizam engajamento e utilidade, ignorando a veracidade.
- Verificação seletiva – 13,2% só checam informações quando se tratam de notícias formais.
Credibilidade das fontes é avaliada por critérios frágeis
- Curtidas e visualizações – 41,7% consideram um conteúdo confiável apenas por sua popularidade, em curtidas e visualização.
- Indicação de amigos e especialistas – 20,6% confiam apenas em recomendações pessoais.
- Reputação percebida – 19,4% baseiam-se na credibilidade histórica de uma fonte.
- Evidências concretas – Apenas 17% exigem provas documentais antes de compartilhar.
A responsabilidade de quem influencia
A desinformação pode influenciar decisões importantes e colocar vidas em risco. Por isso, a Unesco alerta para a necessidade de ampliar a alfabetização midiática entre influenciadores, ensinando-os a identificar fontes confiáveis e verificar informações antes de publicá-las.
Como resposta, a Unesco e o Centro Knight para Jornalismo nas Américas lançaram um curso global gratuito sobre verificação de fatos e produção de conteúdo responsável. Até agora, mais de 9.000 influenciadores de 160 países se inscreveram.
A era digital deu voz a milhões, mas esse poder exige responsabilidade. Credibilidade não se constrói com engajamento, mas com compromisso com a verdade. Informação de qualidade não é sobre viralização, e sim sobre ética.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia, especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento e mestrando em Inovação, Comunicação e Economia Criativa