A Universidade de Brasília (UnB) se prepara para voltar às aulas – desta vez na modalidade não presencial – e para escolher o(a) novo(a) reitor(a). Há quatro chapas inscritas para participar da consulta informal à comunidade: uma, composta pelos atuais dirigentes da instituição, e outras três de oposição. Os perfis acadêmicos dos (as) candidatas já foram publicados em diversos meios de comunicação, incluindo aqui, no Brasília Capital.
Neste momento resulta imperioso fazer uma reflexão sobre a importância da universidade pública para a sociedade em geral e, mais especificamente, da UnB para o Distrito Federal. A chegada da pandemia da covid-19 ao Brasil evidenciou a necessidade de serviços públicos de saúde em pleno funcionamento, assim como, de pesquisas públicas.
Depois de muitos meses de um discurso privatista enfatizado ferozmente, vemos com clareza a importância de um Estado forte que se ocupe de saúde e educação, principalmente. As atividades de pesquisa, de geração de novos conhecimentos e tecnologias, no Brasil, são conduzidas por equipes compostas, em sua maioria, por professores de universidades públicas.
São anos de formação até um estudante se tornar um cientista, e são necessários investimentos significativos na sua formação. Mas esse investimento volta à sociedade. E em momentos como o atual, percebemos o quão necessários são.
Enquanto o anterior ministro de Educação atacava as universidades públicas, em particular a UnB, afirmando que faziam balbúrdia, que produziam drogas sintéticas e outras fake news eram lançadas, quotidianamente a UnB respondia com pesquisas epidemiológicas, fabricação de máscaras, assistência social e psicológica, desenvolvimento de modelos matemáticos para prever o avanço da contaminação ou melhorar a eficiência de respiradores, entre muitas outras coisas.
Nesse contexto, a atual disputa para a reitoria reproduz, por meio das diversas candidaturas, os diferentes modelos de sociedade, refletindo suas respectivas visões sobre a funcionalidade de uma universidade. Em um momento delicado como o que estamos vivendo, a universidade pública, gratuita e de excelência não só tem um potencial transformador para os que nela ingressam, como também de transformar a sociedade.
Precisamos de um(a) reitor(a) que continue defendendo uma universidade cosmopolita, aberta, democrática, capaz de produzir conhecimento crítico e transformador, buscando sempre a inclusão e a afirmação das diferentes camadas sociais que compõem nossa cidade.
(*) Professora da Faculdade de Tecnologia,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB