Tersandro Vilela (*)
Pesquisa conduzida pela Access Partnership, em parceria com a Amazon Web Services (AWS), traçou um panorama que, mais do que impressionante, revela uma revolução iminente: cerca de 97% dos empregadores brasileiros planejam implementar soluções baseadas em inteligência artificial (IA) até 2028.
Isso mesmo, praticamente todas as empresas do País devem, em breve, operar com alguma forma dessa tecnologia. É mais uma prova de que se a IA já parecia estar mudando o mundo, agora no Brasil já é oficial: ela está se tornando uma força motriz para o futuro do trabalho.
Mas, afinal, o que leva organizações de todos os setores a abraçar a IA com tanto entusiasmo? A resposta, segundo os dados, está nos ganhos de eficiência e produtividade. Para 68% dos colaboradores ouvidos na pesquisa — que incluiu 1.600 funcionários e 500 empresas —, a automação de tarefas é o benefício mais promissor.
Já os empregadores acreditam que departamentos como Tecnologia da Informação (TI), Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Financeiro serão os maiores beneficiários. E a cereja do bolo? Um aumento estimado de 66% na produtividade com o uso de IA.
Capacitação – O estudo também traz destaque para a IA generativa, aquela que cria textos, imagens e até vídeos de forma autônoma. Ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, e o Bard, do Google, já são protagonistas no mercado, e a pesquisa aponta que 97% dos empregadores e 94% dos funcionários pretendem adotá-las em breve. A promessa é clara: além de otimizar processos, essas tecnologias devem revolucionar a criatividade e a personalização nas empresas.
No entanto, nem tudo são flores. Um dos maiores desafios para essa transição é a capacitação. Apesar de 80% dos empregadores priorizarem a contratação de profissionais com habilidades em IA, 68% relatam dificuldade em encontrar esses talentos. O cenário é paradoxal, pois quase 80% dos trabalhadores demonstram interesse em se especializar na área — número que sobe para 92% entre as mulheres. Mesmo entre diferentes gerações, o entusiasmo é palpável, com mais de 80% afirmando que desejam aprender sobre IA para avançar em suas carreiras.
Curiosamente, a pesquisa mostra que não são apenas habilidades técnicas, como codificação, que estão em alta demanda. As empresas também buscam competências como pensamento crítico e criatividade, indispensáveis para aplicar a IA de forma estratégica.
O que esses dados deixam claro é que a IA no Brasil não é apenas uma tendência; é uma mudança estrutural. Essa transformação, no entanto, exigirá mais do que tecnologias inovadoras: serão necessários investimentos robustos em qualificação profissional e uma mentalidade organizacional aberta à adaptação.
Se esses desafios forem superados, a IA promete inaugurar um novo capítulo de produtividade e inovação no mercado de trabalho brasileiro.
(*) Jornalista pós-graduado em Filosofia e especialista em Liderança: gestão, resultados e engajamento