Provoca muitas reflexões o esquema que a Polícia Federal começou a desbaratar na sexta-feira (17), com a Operação Carne Fraca. Por que empresários de sucesso, com marcas famosas como Friboi, Maturatta, Swift, Big Frango e Seara (grupo JBS) e Sadia e Perdigão (BRF) envolvem-se na criminalidade? Os donos desses dois gigantes do setor estão entre os mais de 20 frigoríficos que agora enfrentarão a Justiça sob a acusação de venderem carne podre aos consumidores.
Uma das respostas é a ganância ― exagerado desejo de ganhar dinheiro com facilidade. Mas, mesmo esta vontade, submetida ao controle de pessoas de bem, não leva o cidadão para o mundo do crime. O que há de errado então? De uma maneira grosseira, pode-se dizer que se trata de indivíduos maus. Gente que não tem nenhum controle sobre seu pendor para fazer o mal. E numa névoa de covardia inclassificável.
Como poderíamos classificar empresários que injetam substância cancerígena para disfarça o fedor de carne podre para vendê-la nas gôndolas dos supermercados? Que montam quadrilha junto com servidores públicos para enganar, sem se importar com a saúde de milhares de pessoas? Neste caso que veio à tona, para os cidadãos comuns esses criminosos só precisam de um remédio: a aplicação da lei.
Mas a maior punibilidade para pessoas que cometem esse tipo de crime é a perda de dinheiro. Foi anunciado na sexta-feira o confisco de valores de vários envolvidos no esquema. Se fazem tudo pelo dito vil metal, sentirão no bolso, a parte mais sensível de sua própria carne, a perda de suas fortunas construídas sobre o prejuízo que causaram à saúde de milhões de seres humanos. Talvez isto venha a lhes causar mais sofrimento do que as possíveis condenações a ficar muitos anos atrás das grades das prisões.
São bandidos. Como tal, devem permanecer detidos e, se possível, alimentando-se com o mesmo tipo de comida que há anos é servida nos pratos de milhões de incautos brasileiros.}